Manifesto pela Abolição do Trânsito Capitalista

Não morremos no trânsito.
Somos mortos por ele.

Todos os anos, o asfalto cobra seu tributo de sangue. Corpos esmagados, mutilados, apagados — e tudo segue funcionando como se fosse normal! Não é tragédia! Não é acidente!

É violência organizada, reproduzida diariamente por um modelo urbano feito para máquinas, lucro e controle. O sistema não para por tantas morte e nem assume sua responsabilidade…

O automóvel individual é uma arma socialmente aceita. Ele mata, polui, segrega e ocupa o espaço comum como se fosse propriedade privada em movimento.

A cidade foi sequestrada para garantir seu fluxo. Ruas viraram pistas. Praças viraram estacionamentos. Pessoas viraram obstáculos, as cidades são para os carros! (entre 30% a 40% das áreas urbanas se tornaram espaços para carros e não para gente…)

Esse massacre cotidiano mata mais do que muitos conflitos armados — mas não provoca escândalo porque serve ao capital. A indústria automobilística, o petróleo, a publicidade e o Estado formam uma engrenagem bem lubrificada que transforma morte em “estatística” e congestionamento em “custo inevitável”. Inevitável para quem?

Não aceitamos a farsa da escolha individual. Ninguém escolhe depender do carro; somos empurrados para ele por cidades hostis, distâncias impostas e transportes coletivos sucateados de propósito. A liberdade vendida pelo automóvel é mentira: isolamento, dívida, risco permanente e submissão ao tempo do sistema.

Reivindicamos a destruição do paradigma do carro como eixo da vida urbana. Não sua reforma. Não sua humanização. Sua superação.

Defendemos a coletivização radical da mobilidade: transporte como bem comum, organizado horizontalmente, orientado pelo uso e pela necessidade, não pelo lucro nem pela gestão estatal. Ônibus, trens, bicicletas, caminhar — tudo o que reduz velocidade, devolve o espaço público e enfraquece a lógica da mercadoria sobre rodas. As cidades voltarem a ter vida e não zumbis de consumo, indo para lá e para cá num frenesi alucinante!

Uma cidade livre é incompatível com vias assassinas.
Uma sociedade viva é incompatível com a normalização da morte!

Desacelerar é subversão.
Compartilhar é ataque direto ao individualismo.
Retomar as ruas é um gesto de insubordinação.

Enquanto aceitarmos o trânsito como ele é, aceitaremos viver sob uma guerra não declarada, onde os pobres, os periféricos e os invisíveis morrem primeiro. Nossa resposta não será adaptação. Será ruptura.

Contra o trânsito da morte.
Contra a cidade do capital.
Pela vida, pela autonomia, pela mobilidade libertária.

Nos vemos vemos nas ruas!

Na luta somos pessoas dignas e livres!

Contra a Cidade-Cemitério
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