Organizar, lutar, resistir: Maio de 2021.

A democracia Capitalista é o governo das elites do poder econômico associadas ao poder político-militar.

A liberdade na democracia capitalista é secundária e está fundada em algumas “miragens” sociopolíticas e “determinações” econômicas.

A liberdade na democracia é para as elites e não para a gente trabalhadora.

Uma das “miragens” sociopolíticas correspondem a nos fazer acreditar que participando com o voto em eleições podemos escolher alguém que governará para o bem de todas naquele território que elas chamam de país. Estas pessoas comuns nos quais parte de nós deposita confiança e respeito, prometem, e nunca cumprem: promover e realizar o bem-estar para todas.

A segunda das “miragens” sociopolíticas corresponde a nos fazer acreditar que apenas e somente o Estado é o único que pode manter e organizar a sociedade. Pergunte a você mesma se isto se comprova na história e nos dias atuais.

Uma das determinações econômicas é que a inciativa individual aliada ao trabalho árduo te levará a uma vida de riqueza para ser gozada por você e as suas. A segunda das determinações é que a propriedade privada hereditária é um direito natural. Cabe perguntar, fazer exame de si ou de outrem para constatar que quem enriqueceu sem explorar o trabalho de outras. Cabe ainda perguntar se sempre houve propriedade privada hereditária. Ou, ainda, como se conseguiu obter a propriedade privada?

A combinação de “miragens” sociopolíticas e “determinações” econômicas são embaladas como produto de consumo barato encontrado em prateleiras de TV’s, Jornais, Revistas, Redes Sociais na Internet onde você é ao mesmo tempo a moeda e a mercadoria. Ao fim e ao cabo você não escolhe, é sim escolhida e comercializada.

Neste mês das pessoas trabalhadoras, nesse maio é preciso perguntar a si mesma se você elegendo governantes ou se permitindo explorar por uma patronal/empresarial faz a sua vida melhor a cada dia, a cada mês, a cada ano?

Por que temos de trabalhar tanto para pagar tantas contas?

Por que as patronais, que nos exploram, vivem bem e nós mal temos o que comer?

Não são apenas as pessoas políticas e as patronais que nos enganam e roubam com a proteção dada pelas forças militares. Dentro da classe trabalhadora há pessoas traidoras da classe que entraram nas nossas organizações de defesa e apoio das pessoas trabalhadoras: os sindicatos.

E usam nossas organizações sindicais como um modo de vida. Elas se tornaram uma elite sindical e hoje também nos tratam como moeda e mercadoria. Diretorias sindicais associadas a partidos de direita e de esquerda nos vendem a preço de banana para aquelas que pagarem mais.

As forças empresariais vendem a sua influência para impedir movimentos por melhores condições de trabalho, greves por melhores salários. Somos usadas também para eleger governos, justificar políticas, investimentos, projetos de desenvolvimento, ações militares chamadas de “planos de segurança”.

Estes tais “planos de segurança” a nosso ver não passam de guerra cirúrgica para avançar em territórios indígenas, periferias, manter o latifúndio, controlar as pessoas que resistem e lutam contra a fome e a morte pela miséria social e econômica.

Denunciamos: você deve saber ou conhecer uma amiga que tem dentro do seu sindicato, alguma pessoa da diretoria que se candidatou a vereadora, prefeita, deputada, governadora, senadora e prometeu defender a sua categoria e a sua classe.

Perguntamos então: onde estão estas pessoas eleitas e o que fizeram por você, por sua categoria e por sua classe?

Acusamos a crescente repressão que os movimentos sindical e social vêm sofrendo.

Dentre estas pessoas companheiras que trabalham e lutam por direitos e melhores condições de vida, os companheiros e companheiras anarquistas seguem sendo um dos alvos. Afirmamos nosso direito a organização social e política de forma anarquista.

Denunciamos o avanço de ações investigativas, monitoramentos e prisões no território brasileiro. Chamamos a atenção para o assassinato de pessoas jornalistas, genocídio de indígenas e pessoas negras, nos campos e nas cidades.

O primeiro de maio será sempre um grito pela liberdade de pensamento, expressão e organização. Neste primeiro de maio gritaremos pelo direito das pessoas trabalhadoras, das precarizadas, das desempregas pelo direito a organização, ao trabalho e a vida.

Nesse ano, no nosso primeiro de maio vamos dizer não as mentiras e seus mentirosos que nos iludem fazendo nossas vidas mais infelizes explorando nosso trabalho. Vamos nos encontrar (com as medidas de segurança necessárias) e conversarmos sobre a nossa situação e maneiras de nos organizarmos e lutarmos para vencer a injustiças sociais e a desigualdade econômica que nos é imposta por governos de direita e de esquerda, vamos trabalhar por construir possibilidades de autogestão pondo fim a exploração capitalista que nos rouba as horas de nossa mão de obra, vamos nos estruturar para estabelecer uma organização social federada entre as pessoas trabalhadoras e a sociedade, nos bairros e nas fábricas, nas lojas e nas ruas, nos campos e cidades, nas periferias e nos centros das grandes cidades, entre produtores e consumidores, criadores e realizadores, sonhadores e realistas.

Determinação, união e luta pela igualdade econômica, pela justiça social com liberdade para todas. Converse com suas colegas. Participe das suas assembleias.

Exija da diretoria sindical: O fim do sindicato único. Pluralidade sindical: direito das trabalhadoras terem mais de um sindicato por categoria e/ou classe. Fim do imposto sindical: contribuição livre e espontânea da trabalhadora para a organização e luta sindical. Abertura e apresentação do balanço fiscal do seu sindicato em linguagem simples e direta. Discriminação item-a-item dos gastos realizados. Independência e autonomia em relação a partidos de direita e esquerda, em relação a governos, em relação as patronais e gestões. Criação de núcleos de base por local de trabalho com colegas eleitas pela base em processo autogestionário da categoria/classe. Investimento dos recursos do sindicato nos núcleos de base para fins de organização e fortalecimento das bases. Fim do assédio sexual e moral no local de trabalho. Contra o trabalho de gestantes e lactantes em locais insalubres. Igualdade de salário para mulheres em relação a homens. Redução da carga horária de trabalho para 30horas semanais sem redução salarial.

O trabalho é um direito social e deve cumprir função social.

Outono 2021. Na luta somos dignas e livres!

Trabalhadoras, precarizadas, desempregadas no Brasil