Louise Michel é de origem francesa, precisamente de Vroncourt-la-Côte, uma pequenina comuna situada no Grande Leste da França. Tinha um grande talento literário e se correspondia com o escritor do romance Os Miseráveis, Victor Hugo, que a apoiava bastante.

Professora primária do ensino particular, só não trabalhou no ensino público por que se recusou a prestar juramento ao imperador Napoleão III, e,em 1856, começou a lecionar em Paris, num colégio feminino.

No cerco prussiano de 1870 na França, ela participou da União das Mulheres para Defesa de Paris e Auxílio aos Feridos, organizando ambulâncias e cantinas populares e, já como militante anarquista, começa a se expressar em reuniões públicas e participa das jornadas insurrecionais parisienses.

Louise Michel esteve presente nos acontecimentos da Comuna de Paris, quando o povo parisiense derrubou o poder e declarou sua cidade livre, participando da luta armada e apelo à resistência ao cerco de Versalhes. Participa também na defesa de Montmartre, quando os versalheses entram em Paris. Louise leva a frente um destacamento feminino, na barreira de Chauseé de Cignancourt, nas barricadas do Cemitério de Montmatre e na Place Pigalle.

Aliás, não foi apenas Louise Michel quem participou enquanto mulher do levante revolucionário e do estabelecimento da Comuna de Paris, muitas outras mulheres estavam envolvidas com estes processos, organizando levantes e barricadas para defender a Comuna.

Para salvar sua mãe, que havia sido presa durante o tempo em que ela esteve ausente de casa, Louise entrega-se aos versalheses e conhece, então, os horrores do campo de concentração de Satory. Lá, assiste ao fuzilamento do communard Theophile Ferre.

Quando é conduzida ao Conselho de Guerra de Versalhes, Louise Michel comparece perante o tribunal, coberta com um véu negro, e não renega nenhuma das acusações que lhe são dirigidas pelo Conselho.

É então condenada à deportação e passa pela prisão central de Auberive.

É nas prisões que escreverá mais poemas, entre eles, “Os cravos rubros”, “A revolução vencida” e “Aos meus irmãos”. Eis o poema “Cravos Rubros”

Quando ao negro cemitério eu for,Irmão,

coloque sobre sua irmã,

Como uma última esperança,

Alguns ‘cravos’ rubros em flor.

Do Império nos últimos dias

Quando as pessoas acordavam,

Seus sorrisos eram rubros cravos

Nos dizendo que tudo renasceria.

Hoje, florescerão nas sombras

de negras e tristes prisões.

Vão e desabrochem junto ao preso sombrio

E lhe diga o quanto sinceramente o amamos.

Digam que, pelo tempo que é rápido,

Tudo pertence ao que está por vir

Que o dominador vil e pálido

Também pode morrer como o dominado.

Em 24 de agosto de 1873 é exilada para o arquipélago de Nova Caledônia e, durante sete anos, leva carinho aos companheiros de cativeiro. Faz amigos entre os Canacas, população indígena do arquipélago, e entre os Cabilas argentinos.

Volta para a França em novembro de 1880, após anistia completa e definitiva, pois recusou os perdões individuais. Embora anarquista, Louise Michel participou das conferências públicas realizadas por outras correntes socialistas, ao lado de Jules Guesde, Paul Lafargue e Edouard Vaillant.

A sua atividade valeu-lhe mais três anos de reclusão.”A virgem vermelha”, apelido que o povo de Paris deu à Louise Michel, morreu em 10 de janeiro de 1905, na cidade de Marselha, no decurso de um ciclo de conferências que ela chegou a fazer por todo o país.

Louise Michel deixou uma vasta e variada obra literária: discursos, memórias, poesias,romance, dramas e literatura infantil.

(Do material Mulheres Anarquistas nº01, clique aqui para acessar)

Louise Michel
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