“Pavilhão” dos anarquistas
Em julho de 1830 a bandeira preta flutuou pela primeira vez num edificio publico: a Camara Municipal de Paris. Pouco depois, os predreiros de Reims inscrevem nas pregas da bandeira preta, os dizeres: “Trabalho ou Morte”.
No ano seguinte (1831), os “Cannuts” de Lyon que ganhavam menos de 20 patacos por 16 horas de trabalho, resolvem desfraldar a bandeira preta com caveira da morte.
No ano de 1871, durante a revolução que deu origem a Comuna de Paris, foi adotada a bandeira vermelha, contra a sugestão de Jules Valles que propõe a bandeira preta por ser “mais radical e mais triste”.
Em 1883, Luisa Michel, em sinal de luto por todos os “Comunards” assassinados, sugere e é adotada pelos anarquistas a bandeira preta. No norte do Paraná, Brasil, os anarquistas italianos, fundadores da “Colônia Cecília” em 1890, mantiveram uma bandeira preta enquanto durou a experiência libertária, a assinalar a presença de Giovani Rossi e pessoas companheiras.
Nestor Makhno, libertário, russo ucraniano, durante a luta para remover da região os exércitos reacionários de Denikin, Petlioura e Trotsky, o exército insurrecional empunhava uma bandeira preta com caveira, estandarte de guerra.
Durante a Revolução Espanhola de 1936-1939, Durruti usa a bandeira negra na Catalunha, como pavilhão da coluna de milicianos que orienta.
Finalmente em Maio de 1968, a bandeira preta está ao lado da vermelha, nas barricadas de Paris.
Necessário escrever que os anarquistas não levam muito a sério a bandeira, nunca foi discutida ou aprovada em seus congressos, mas quando precisam usá-la, inclinam-se a cor preta, enquanto alguns preferem vermelho e negro.
É um pedaço de pano que tremula ao vento, não envolve crença, disputa, conquista ou derrota.
Simbolicamente tem o significado singelo de uma marca, de uma reunião, agrupamento, congresso, expressa as ideias de contestação de quem a empunha.
Quando, porventura os anarquistas se batem de bandeira na mão, não o fazem para defender esse trapo preto, mas as ideias reunidas em torno dela, que a burguesia e os governos procuram combater e esmagar.