Por Edgar Leuenroth

Anarquistas não consideram o fascismo como fenômeno local adstrito a este ou àquele país, mas como manifestação internacional de sintoma de decomposição do regime capitalista, que, por esse meio, pretende fazer perdurar o domínio de seus privilégios, esmagando, pela reação feroz, todas as aspirações de bem-estar e de liberdade da gente trabalhadora.

Por isso, a luta contra o fascismo é a luta contra o regime capitalista.

Não é, portanto, possível a união de anarquistas com pessoas que, embora tenham transitoriamente interesses diversos aos do fascismo, na campanha contra o mesmo pretendem apenas arredá-lo do caminho que devem percorrer em busca do poder.

Na luta franca, sem tréguas, contra o fascismo, as pessoas anarquistas poderão encontrar-se lado a lado com outras pessoas, sempre, porém, com independência de ação e não para conservar o regime que deu origem a essa forma requintada de poder e reação, mas para abatê-lo e favorecer a campanha libertária.

Quando o fascismo surgiu em organizações nacionais e patrióticas, estrangulando todas as aquisições libertárias, encontrou anarquistas em plena luta contra todas as coisas que lhe deram origem: princípios reacionários, sistemas totalitários e aventureiros em busca de domínio político.

No combate às hordas fascistas anarquistas não são combatentes de undécima hora. Enfrentam-nas decididamente desde o início de sua obra vandálica, dando-lhes batalha sem trégua, por todos os meios e em todos os momentos, em toda parte, fornecendo o maior contingente de perseguidas e de vítimas, que encheram prisões, que povoaram lugares de degredo e campos de concentração, e de perdas de vidas das que tombaram nos embates sangrentos.

Assim foi na Itália e na Alemanha, em Portugal, na Espanha, na Argentina, e assim aconteceu onde quer que o fascismo tenha aparecido. Naturalmente, outra não podia igualmente ser a atitude das pessoas anarquistas do Brasil.

Recorrendo-se ao noticiário dos diários, folheando-se as coleções da imprensa, libertária, ter-se-á conhecimento dos esforços que anarquistas vêm desenvolvendo, ininterruptamente, na campanha antifascista.

Nessa luta continuam empenhadas as pessoas anarquistas, denunciando e combatendo todas as manifestações de caráter fascista.

Quando constituía perigo, quando era crime combater o fascismo, as libertárias jamais interromperam a campanha contra esse elemento liberticida, aqui representado pelo integralismo, que tem nas anarquistas a sua maior e decidida inimiga.

Anos após anos, a luta antifascista vem sendo sustentada por todos os meios, pelo movimento libertário, sempre vigilante à frente da agitação, como promotor ou participante.

Na crônica da luta antifascista no Brasil figuram anarquistas em lugar de destaque com sua atividade em conferência, manifestações e comícios nem sempre pacíficos, bem como através de todos os meios de publicações.”

A emancipação das pessoas oprimidas e exploradas será obra das próprias pessoas oprimidas e exploradas.

A LUTA ANTIFASCISTA
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