Com o inicio da industrialização no Brasil, se intensifica a necessidade das pessoas trabalhadoras de se defenderem de uma nascente patronal influenciada pela tradicionais elites agrárias, extremamente exploradoras e opressoras.
As experiências de resistências das pessoas trabalhadoras afrodescendentes escravizadas foram somadas com as experiências das pessoas imigrantes trabalhadoras, boa parte oriunda da Europa. Deste resultado, temos as primeiras organizações de pessoas trabalhadoras, sindicatos de base anarquista, anarco sindicatos.
Em 1906, já possuíam uma amplitude organizacional a ponto de iniciarem a primeira organização nacional de pessoas trabalhadoras, a Confederação Operária Brasileira, cuja a sigla é COB. Entendamos que isso foi criado dentro de um Estado controlado pelas oligarquias de poder onde a população tinha muito pouco acesso. Enquanto as organizações patronais podiam existir sem nenhum tipo de objeção, as organizações de pessoas trabalhadoras não. Qualquer forma de organização das pessoas trabalhadoras era considerada criminosa e todas as pessoas envolvidas tratadas como bandidas. Neste ambiente, ser uma pessoa sindicalizada era muito perigoso. Muita gente foi presa, violentada, aquelas pessoas que não eram do país, eram extraditadas para seus países de origem. Em vários casos, muitas dessas pessoas morriam na prisão.
Para a população trabalhadora, não havia como escapar. As patronais controlavam diretamente tudo do mundo do trabalho e só com as organizações sindicais era que podiam reivindicar um mínimo de dignidade na vida difícil que tinham.
Essas estruturas avançaram muito, a ponto de conseguirem feitos enormes através de greves gerais, paralisações, além de promoverem a educação para as crianças e para as trabalhadoras associadas, proteção social através de fundos para saúde das pessoas associadas e amparo para aquelas que se acidentavam no trabalho. Tudo isso sendo feito em conjunto com a luta contra a patronal.
Esse cenário muda na década de 40 do século passado. Com a ditadura de Getúlio Vargas, uma transformação nas relações de trabalho ocorreu, passando o Estado interferir diretamente, através do Ministério do Trabalho, ditando as regras trabalhistas e como os sindicatos, principalmente das pessoas trabalhadoras, deveriam ser e funcionar, removendo todas as organizações que não se adaptassem as novas leis e diretrizes. Isso causou um desmonte do anarco-sindicalismo, e o surgimento de uma elite sindicalista, extremamente profissionalizada e cooptada com as novas regras do mundo do trabalho, um sindicalismo extremamente corporativo e muitas vezes mais alinhado as patronais e ao Estado do que com as pessoas trabalhadoras associadas.
Esse sindicalismo se manteve influente até a o fim do século XX, proporcionando gerações de pessoas sindicalistas profissionalizadas, alinhadas as estruturas verticais do Estado e das forças patronais e empresariais. Em tudo isso, as pessoas trabalhadoras se mantinham sobre controle e eram manipuladas conforme os interesses das cúpulas sindicais, identificadas nas várias centrais sindicais, que reconhecidas pelo Estado, são mero aparelhos de controle das forças produtivas, em diálogo muito intimo com os setores patronais e empresariais, e muito pouco com as bases das pessoas trabalhadoras, as quais deviam representar.
A natureza do trabalho mudou neste começo do século XXI. Os grupos de controle econômico baseados no capitalismo, em todo o mundo, estão muito mais vorazes e se sentem muito mais seguros em oprimir e explorar cada vez. As organizações sindicais sofrem esta pressão diretamente e tem sido, mesmo sendo extremamente parceiras das patronais, desmanteladas. As estruturas menores estão sucumbindo, as suas associadas sendo demitidas em hordas, o sindicalismo profissionalizado está impotente diante desta transformação, e os poucos que ainda conseguem se manter, buscam meios de salvarem a própria pele, no melhor estilo corporativista que entendem.
Pessoas trabalhadoras, busquem se unir diante desta investida das forças empresariais e patronais. Assim como no passado, é a nossa organização livre que poderá enfrentar a ganância e ambição reinante. Na luta somos dignas e livres.