Com esta epígrafe, as pessoas exegetas bolchevistas que se parapeitam por detrás das páginas de um jornal que faz uma excelente propaganda para as pessoas operárias de “de boa cerveja e bom chopp”, mimoseavam-nos com algumas pedradas que se perderam no vácuo.

Reiteramos nossas afirmações em toda linha, e faremos uma análise anatômica, embora sumária, sobre a defesa que essas pessoas “Doutorzinhas” fazem da Rússia bolchevista.

Saibam, porém, que em matéria de confusão as pessoas comunistas são insuperáveis: fazem “frentes únicas” a cada vinte e quatro horas com todas, até mesmo com integralistas, segundo expressão de responsabilidade de uma de suas lideranças, para chama-las, depois, de “traidoras”, “vendidas”, “policiais”, estendo-lhes, no mesmo boletim, novo convite para uma nova “frente única”.

Aí está, como exemplo de quanto afirmamos, o fato com o Ministério do Trabalho. Até ontem combatiam-no com toda energia bolchevista; hoje, em seus boletins de consuetudinárias “oposições” aconselham as pessoas trabalhadoras a formar parte daquele departamento estatal; e as organizações que sofrem a influência comunista, pleiteiam com ardor a carta da sindicalização oficial amarela.

Temo assim: “Vermelhos” fazendo propaganda “amarela”, maior confusão impossível. Dizem as pessoas “beócios” que nós fazemos “acusações as pessoas comunistas e a Rússia bolchevista que a própria burguesia e sua imprensa não mais se atrevem a fazer”. A peça de Jorací Camargo, “Deus lhe Pague” é bem clara neste ponto, quando a pessoa mendiga diz que o comunismo é como um boneco de palha com qual a assustavam quando era pequena, mas, um belo dia, sentou-se distraidamente sobre o espantalho, e com grande admiração constou que se tratava de um boneco de palha, portanto inofensivo. A burguesia, astuta como é, percebeu que o bolchevismo russo é um perfeitíssimo boneco de palha, e assim sendo, aceita suas embaixadas, negocia sem receio, e na Liga das Nações, o estouro da “champanhe” congraça-as como boas camaradas, lembrando acidentalmente o brocardo que diz: – “Lobo não come lobo”.

As “proletarioides” espernearam a valer porque uma das pessoas colaboradoras de “A Plebe” as comparou as pessoas integralistas, isto é, ao fascismo, e vociferam enfaticamente, que nenhuma relação, nenhuma amizade existe entre ambos. Ora muito bem; entre pessoas democráticas e perrepistas há um ódio de morte, porém, ambos são torpes e reacionárias; assim, fascismo e comunismo, são dois partidos que disputam a hegemonia do poder, ou melhor, do mundo e não pode existir entre elas nenhum princípio de harmonia. Podemos ainda comparar comunistas trotskistas e comunistas stalinistas; o mesmo programa, a mesma dialética, marxista ambos e, entretanto, inimigos irreconciliáveis. Prossigamos: embora as finalidades aparentemente sejam diferentes entre as duas ditaduras, a tática e os métodos encerram uma analogia profundamente clara. O fascismo pretende, em teoria, harmonizar as classes, limitar os lucros, e favorecer o proletariado com reformas e cooperativas, visando extirpar a miséria (consoante as palavras de Mussolini) dentro do Estado Fascista. O comunismo pretende interpretar a aspiração do proletariado, conquistando o poder, por meio do qual unificará as pessoas numa só classe: a proletária, que, em teoria, bem entendido, se governará a si mesma. Para atingir essas finalidades os dois partidos procedem como irmão siameses: ambos são totalitários e absolutos. Na Itália, o partido fascista é único; na Rússia, o partido comunista, o é também.

Concordamos plenamente com as ilustres adversárias, sobre que, em nenhum país do mundo, inclusive o “liberalismo” Brasil, existe a liberdade.

Mas muito menos do que em qualquer país do mundo, a liberdade de pensar, ter ideias, ter consciência da própria individualidade, é absolutamente proscrita. Na República burguezissima do Brasil, ainda se permite a publicação de jornais que fazem abertamente a propaganda comunista. Temos a prova no próprio jornal que com tanta infelicidade e falta de bom senso nos quis atirar um pouco de lama que lhe caiu nas próprias faces.

Perguntaríamos aos propagandistas da “boa cerveja e do bom chopp”, se na Rússia se permite que alguém faça comícios para exigir a demissão de Comissárias de Polícia e de outras pessoas comissárias da engrenagem soviética. Aqui também o não permitem, mas ainda há jornais diários da burguesia que publica manifestos nesse sentido, dos comunistas, e não lhe acontece nada.

Na Rússia não se permite fazer “greves gerais e populares”. Um simples atentado político é punido com centenas de fuzilamentos e uma simples deserção de uma pessoa marinheira leva à desgraça, ao desterro, às perseguições até os seus parentes, tal e qual como no fascismo, muito pior do que no fascismo.

Damos, a seguir, um trecho do artigo em que as pessoas propagandistas de cerveja e chopp “inteligentes” e bem intencionadas nos chamam de “beócias ou mal intencionadas”:

“As pessoas operárias que tomaram o poder da burguesia, para não contrariarem a direção de “A Plebe” deveriam permitir que a burguesia de todos o países capitalistas tivessem toda a liberdade para, com auxílio de seus milhões, voltar a mimosear as pessoas trabalhadoras com o chicote e outros “brinquedinhos”.

É esta uma confissão tácita da situação apurada em que se encontra o povo russo, moral, intelectual e economicamente. Querem dizer as pessoas amigas do “Chopp” que, por dinheiro, “as pessoas operárias que tomaram o poder da burguesia” lho entregrariam de novo, não, se importando mesmo que houvesse sido feita uma revolução para libertar-se dessa burguesia, onde morreram muitos milhares de pessoas! Isso é grandemente lamentável e recomenda muito mal o Partido Comunista, que é o dono daquilo tudo. Pensamos nós, que se a situação econômica da pessoa trabalhadora na Rússia fosse suportável, e a sua cultura fosse, realmente aquela que pintam por aí o apologistas do bolchevismo, a burguesia encontraria diante de si, a mentalidade nova das pessoas trabalhadoras adquirida em 17 anos de domínio Marxista, que excluiriam toda hipótese de traficância ou venalidade.

Coitadas! Que grau de educação política e social têm “os 160 milhões de russos que se chamam donos absolutos de seus destinos” como afirmam as “centenas de comissões de pessoas operárias e intelectuais “sinceros” que lá têm estado e em declarações que todo o mundo conhece, menos a direção da “A Plebe” ! … Sobre a existência do dinheiro na sua querida pátria, é claro que descobrimos a pólvora, pois há pessoas que simpatizam com as pessoas bolcheviques porque, de fato, acreditam que lá se pratica algum princípio de comunismo que teria nivelado as condições sociais do povo russo. Se causa estranheza o fato de haver dinheiro na Rússia “comunista” é porque se sabe que a moeda gera, fatalmente, assim como gerou na Rússia, a prostituição, o roubo e perpetua a desigualdade entre as pessoas. Caio Prado, que lá esteve, afirma na página 60 de seu livro “Um mundo novo”, quanto segue:

“O salário mensal de uma pessoa operária oscila entre 90 a 200 rublos. Ao lado disto, um técnico chega a perceber até 2.000 rublos. A diferença é assustadora!”

Mais adiante na, na página 61, lemos o seguinte:

“O padrão de vida de um técnico ou de uma pessoa empregada “graduada” é muito superior ao das simples operárias. E nada indica, tão cedo, uma transformação neste terreno. Pelo contrário, pode-se até dizer que é o oposto que se está apresentado”.

Encerramos estas linhas devolvendo intacto o convite que nos fazem para dar a nossa adesão a Comissão Jurídica de Inquérito Popular. Nos atribuem qualidades “beócias e mal intencionadas”, e nos convidam a ingressar nessa entidade. Isso não é mais do que passar o atestado de “beócias ou mal intencionadas” aquelas que compõem a dita Comissão.

Por hoje, temos dito.

do jornal A Plebe, pag 03 – Ano III (1935) nº79 digitado por Isa Ruti.

“Pessoas beócias ou Mal-intencionadas?”
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