Não faz muito tempo participamos de uma reunião onde, pelas circunstâncias, usamos a expressão “ovo da serpente” para atribuir ao momento e as construções fatuais em torno do que acontecia.

Nossa!

Saímos até um pouco chateadas por termos usado algo forte para o momento.

Mas a vida, os fatos nos mostraram que nossa intuição era realista e tinha fundamentos apropriados.

Inspiradas por nossas experiências em situações semelhantes, somadas as preciosas memórias que nossas queridas companheiras, nossas irmãs de luta e de resistência nos deixaram para fins de nossa própria construção e que serão pequenas peças para as próximas gerações, não foi só apropriado, como necessário o uso da expressão já citada.

Se causou mal estar no momento e uma repercussão negativa naquela trama, proporcionado um momento para reflexão de todas, seria essencialmente importante para todas.

Lamentavelmente, o pouco que acompanhamos após os caminhos se afastarem dessas entidades “libertárias”, nos tem preocupado deveras!

Temos alertado a todas de nosso convívio organizacional que as entidades que realizam “anarcologia”, cheias de pessoas “anarcologas”, mestras e doutoras “reconhecidas” pela academia burguesa brasileira, estão se articulando em torno de uma estrutura institucional partidária a la esquerda e se fecham nessa rede de intrigas partidárias, autoritárias, na ilusão de que como pessoas libertárias, anarquistas contaminariam de forma positiva as outras organizações com quais estão a se envolver.

As histórias que acompanhamos, daquelas pessoas e entidades que partiam dessas teses de convencimento e apostásia ideológica foram desastrosas para o movimento anarquista brasileiro. Nos parece que pela constante influência uruguaia, estão a reproduzir sem pensar, aquela receita de bolo anarquista, mas não estão pensando em adaptar a receita para a região brasileira.

Estão em um ninho de seres ofídicos, bem conhecidos de outrora!
Toda atenção é pouca nesse ambiente, isso é recomendação de nossas irmãs anarquistas do passado!

E por onde, não só poderiam obter força para o embate mas compor uma união importante para o processo de emancipação que todas aspiramos, se recusam de forma peremptória.

Estão tão envolvidas em projetos mercantilistas para se manterem vivas, que esquecem, que as relações de mercado e projetos abençoados pela academia, são envenenamentos em nosso movimento, que mata a rebeldia, que dociliza qualquer noção revolucionária e a submete, de joelhos, a lógica pragmática e assim fazer parcerias com entidades inimigas como dos partidos políticos, centrais sindicais oficiais/pelegas e grupos marxistóides.

Nesse ambiente, é muito sensato e prudente estar atentas porque, estando em um ninho ofídico, nele teremos ovos dessas criaturas astutas, traiçoeiras e que possuem venenos ideológicos, que se não obtermos um soro adequado, nos levarão a morte, a perder nossa consciência de luta e resistência contra as instituições estatais, partidárias, religiosas, autoritárias e impositivas.

Esses ovos estão lá, vemos sua formação, denunciamos seus perigos, mostramos as criaturinhas que se formam.

Mas aquelas entidades “anarcologas” menosprezam o alerta, não temem as criaturinhas! Preferem conviver nesse ambiente, assinar seus projetos, se aliar as ofídicas criaturas e promover um “anarquismo poser” para um publico ofídico hipster a la esquerda, preocupadas em completar suas coleções bibliográficas, tirarem selfies e curtir filmes cult em seus espaços e eventos alternativos, alinhadas ao padrão de “consumo consciente/verde” pregado de forma paradoxal pelo capitalismo.

Ignoram que são as jovens criaturas as que mais veneno possuem!

Paula Gonçalves

Ovos, ninho e redes ofídicas
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