O anarquismo é um movimento político e filosófico que preconiza a eliminação de todas as formas de autoridade coercitiva, incluindo o Estado, e uma organização social baseada na autogestão e na cooperação voluntária. É importante ressaltar que o anarquismo não é sinônimo de caos ou violência, mas busca uma sociedade baseada na liberdade individual e na igualdade social. As pessoas envolvidas, não oprimem e não são oprimidas, não exploram e não são exploradas. 

Em relação à presença do anarquismo no mundo atual, é importante destacar que o anarquismo não é um movimento homogêneo e possui diversas vertentes, significa que não são correntes como erradamente usam de forma superficial, não são correntes porque não são aprisionamentos ideológicos, mas se assim se comportarem, se tornam algemas, correntes e abandonam o espectro da anarquia como referência metodológica teórica, ética e moral. 

Pontuado isso, sua influência e atividade variam de acordo com o contexto político e social de cada país. Há contudo uma certa similaridade por todos os cantos do mundo, aspectos comuns que se repetem, há comunidades e grupos anarquistas ativos em diferentes partes do mundo, engajados em lutas sociais e políticas em defesa da liberdade, autonomia e justiça social. Alguns exemplos notáveis de países onde o anarquismo tem uma presença histórica ainda significativa, mas que não retira das demais sua importância como referência de resistência e protagonismo por uma transformação social profunda, sem opressão e exploração.

A Espanha tem uma longa história de anarquismo, com destaque para a Confederação Nacional do Trabalho (CNT) e a Federação Anarquista Ibérica (FAI), que tiveram um papel importante durante a Guerra Civil Espanhola (1936-1939). Embora essas organizações tenham sido reprimidas sob o regime franquista, o anarquismo continua presente na Espanha, com grupos e espaços sociais autônomos.

No Chile, o anarquismo também possui uma rica história, com destaque para o período conhecido como a “Experiência Chilena” (1931-1932), quando foram estabelecidas comunidades autônomas e cooperativas agrícolas. Atualmente, existem grupos e coletivos anarquistas ativos no Chile, que se envolvem em lutas sociais e na defesa dos direitos humanos.

A Argentina teve uma presença anarquista significativa. No início do século XX, Buenos Aires se tornou um importante centro anarquista, com um número considerável de publicações, grupos e sindicatos anarquistas. Destacam-se a FORA (Federación Obrera Regional Argentina) e a publicação “La Protesta”. O anarquismo argentino desempenhou um papel importante nas lutas operárias e teve conexões com movimentos camponeses e outros setores oprimidos da sociedade.

A Grécia tem uma forte presença anarquista, especialmente em Atenas e Tessalônica. Os grupos anarquistas gregos têm participado de lutas sociais, protestos e ações diretas contra o Estado e o capitalismo, além de fornecerem suporte e solidariedade aos movimentos sociais.

Embora o anarquismo tenha uma presença relativamente menor nos Estados Unidos em comparação com outros países, existem comunidades e grupos anarquistas ativos em várias cidades, como Nova York, Seattle e Oakland. Eles estão envolvidos em questões como direitos dos trabalhadores, antirracismo, feminismo, anticapitalismo e defesa dos direitos das pessoas imigrantes.

Esses são apenas alguns exemplos, e o anarquismo pode ser encontrado em diferentes formações e estágios em muitos outros países ao redor do mundo. No entanto, é importante ressaltar que o nível de influência e engajamento varia significativamente de acordo com o contexto político, social e cultural de cada país. Seguiremos com mais alguns contextos resumidos de algumas regiões.

Anarquismo na China

O anarquismo teve um papel significativo na história da China, especialmente no início do século XX. Durante a Revolução de Xinhai, que resultou na queda da Dinastia Qing em 1911, surgiram ideias anarquistas e anarcossindicalistas entre os intelectuais e ativistas chineses.

Um dos principais líderes anarquistas chineses foi Li Shizeng, que promoveu o anarquismo individualista e influenciou muitos estudantes e intelectuais da época. Li Shizeng fundou a Sociedade para o Estudo do Anarquismo (Tongzhi She) em 1919, que foi uma das primeiras organizações anarquistas da China.

Durante a década de 1920, o movimento anarquista chinês ganhou força, com a criação de grupos e publicações anarquistas. A influência anarquista se espalhou para as áreas urbanas e rurais, especialmente em Guangzhou (Cantão), Xangai e outras grandes cidades.

No entanto, com o aumento da influência do Partido Comunista Chinês (PCC) e o fortalecimento do movimento nacionalista, o anarquismo perdeu parte de sua visibilidade e relevância política, aumento de influencia que significa perseguição, prisão e morte de inumeras pessoas anarquistas, um modus operanti usado recorrentemente por todos as forças repressoras em todo o mundo contra o anarquismo. Após a vitória do PCC na Guerra Civil Chinesa em 1949, o governo comunista estabeleceu um regime centralizado, extremamente autoritário, o que não era congruente com as ideias anarquistas de descentralização e eliminação do Estado.

Durante a Revolução Cultural (1966-1976), o anarquismo foi reprimido pelas autoridades chinesas. Muitas pessoas anarquistas foram perseguidas, presas ou executadas, e suas publicações foram proibidas. Como resultado, o anarquismo ficou marginalizado na China e perdeu grande parte de sua influência.

No entanto, nas últimas décadas, com a abertura econômica e o aumento da conectividade global, houve um ressurgimento de interesse no anarquismo na China. Alguns ativistas e intelectuais têm explorado e promovido ideias anarquistas em diferentes contextos, incluindo questões ambientais, direitos dos trabalhadores e críticas ao autoritarismo estatal.

Apesar do ressurgimento, é importante notar que o anarquismo ainda é uma corrente minoritária na China, e sua influência política é limitada. O governo chinês mantém um controle muito estrito sobre a dissidência política e tende a suprimir qualquer movimento que desafie sua autoridade.

Anarquismo no Japão

O anarquismo teve uma presença significativa no Japão durante o final do século XIX e início do século XX. O movimento anarquista japonês foi influenciado por ideias e eventos globais, como a Revolução Industrial, a Revolução Russa e o desenvolvimento do anarquismo na Europa.

Um dos principais expoentes do anarquismo japonês foi Kōtoku Shūsui, um jornalista e ativista que traduziu obras de teóricos anarquistas ocidentais, como Piotr Kropotkin e Élisée Reclus, para o japonês. Kōtoku Shūsui fundou a Sociedade dos Amigos Livres (Jiyū Rengo) em 1901, uma organização que promovia ideais anarquistas, lutas pelos direitos das pessoas trabalhadoras e oposição ao imperialismo e militarismo.

Durante esse período, o anarquismo no Japão atraiu muitas pessoas intelectuais, estudantes, pessoas trabalhadoras e camponesas descontentes com as desigualdades sociais, a exploração laboral e a crescente influência do Estado e das forças militares. As pessoas anarquistas japonesas eram ativas na organização de greves, manifestações e publicações de jornais e revistas anarquistas.

No entanto, o movimento anarquista japonês enfrentou desafios significativos, como a repressão governamental e a perseguição por parte das autoridades. Em 1910, após uma série de incidentes e acusações de envolvimento em atividades subversivas, Kōtoku Shūsui e outros anarquistas foram presos e executados.

Após a Segunda Guerra Mundial, o Japão passou por um período de reconstrução e transformação social. O anarquismo ressurgiu, mas em uma escala menor em comparação com seu período anterior de influência. Grupos e pessoas anarquistas continuam a promover ideais antiautoritários, a luta contra o militarismo e a exploração, e a busca por formas alternativas de organização social.

Atualmente, embora o anarquismo não seja um movimento de massa no Japão, ainda existem ativistas e grupos anarquistas que se envolvem em questões sociais, como direitos das pessoas trabalhadoras, antimilitarismo, antifascismo, feminismo e lutas ambientais. Além disso, o anarquismo influenciou outras vertentes de pensamento e movimentos sociais no país, e suas ideias continuam a ser discutidas e debatidas na esfera intelectual e ativista.

Anarquismo na India

O anarquismo teve uma presença limitada, porém significativa, na Índia ao longo de sua história. Embora o anarquismo não tenha se tornado um movimento de massa na Índia, suas ideias influenciaram intelectuais, ativistas e movimentos sociais em diferentes momentos.

Durante o período colonial, no final do século XIX e início do século XX, houve um interesse crescente nas ideias anarquistas na Índia. Influenciados pelas lutas anticoloniais e pela exploração dos trabalhadores sob o domínio britânico, alguns intelectuais e ativistas indianos buscaram inspiração nas teorias anarquistas de autogestão, igualdade social e resistência à opressão.

Um dos primeiros anarquistas indianos proeminentes foi Bhagat Singh, um revolucionário que lutou pela independência da Índia do domínio britânico. Embora Bhagat Singh não se autodenominasse anarquista, ele estava familiarizado com as ideias anarquistas e adotava princípios como a ação direta, a luta contra a exploração e a opressão, e a busca por uma sociedade livre e igualitária.

Durante o movimento pela independência da Índia, liderado por Mahatma Gandhi, as ideias anarquistas também influenciaram alguns ativistas e grupos. Por exemplo, Vinoba Bhave, um seguidor próximo de Gandhi, incorporou elementos do anarquismo em suas visões de descentralização e comunidades autônomas baseadas na autossuficiência.

Após a independência da Índia em 1947, o anarquismo não se tornou um movimento articulado ou influente na política indiana. No entanto, as ideias anarquistas continuaram a ser discutidas e debatidas por intelectuais e ativistas em círculos acadêmicos e ativistas.

Atualmente, na Índia, existem alguns grupos e indivíduos que se identificam como anarquistas e estão engajados em questões sociais, como direitos dos trabalhadores, justiça ambiental, igualdade de gênero e crítica ao autoritarismo do Estado. Embora o anarquismo não tenha uma influência massiva, suas ideias de autonomia, igualdade e resistência continuam a inspirar e informar as lutas sociais na Índia.

Anarquia na África

O anarquismo teve uma presença relativamente limitada na África, mas suas ideias influenciaram alguns movimentos e intelectuais ao longo do tempo. É importante destacar que a África é um continente diverso, com uma multiplicidade de contextos políticos, culturais e sociais, e as influências e a presença do anarquismo variam de acordo com cada país e região.

Durante o período colonial, o anarquismo não era um movimento proeminente na África, pois o foco principal estava na luta contra o domínio colonial e na busca pela independência política. No entanto, algumas ideias anarquistas, como a resistência à opressão e a busca pela liberdade, tiveram impacto na luta anticolonial em diferentes partes do continente.

Após a independência de muitos países africanos, ocorrida nas décadas de 1950 e 1960, a maioria dos governos adotou modelos estatistas e centralizados, o que não era compatível com as ideias anarquistas de descentralização e autogestão. Portanto, o anarquismo como movimento organizado não teve uma presença significativa durante esse período.

No entanto, a partir das décadas de 1970 e 1980, com o surgimento de movimentos sociais e lutas por direitos, algumas ideias anarquistas foram retomadas por ativistas africanos. Essas ideias se manifestaram em críticas ao autoritarismo estatal, na busca por formas de organização comunitária e na defesa da autonomia local. Além disso, questões como o meio ambiente, justiça social e direitos das minorias também foram abordadas por indivíduos e grupos que se identificam com princípios anarquistas.

É importante ressaltar que essas influências e atividades anarquistas são diversas e não se encaixam em um único quadro geral. O anarquismo é muitas vezes adaptado e mesclado com outras tradições políticas e filosóficas africanas, como o comunitarismo, o pan-africanismo e o pensamento descolonial.

Embora o anarquismo não seja um movimento de massa na África, suas ideias continuam a ser exploradas e debatidas em contextos acadêmicos e ativistas, contribuindo para a reflexão crítica sobre as estruturas de poder e a busca por formas alternativas de organização e sociedade no continente africano.

Na luta anarquista organizada, somos dignas e livres!

O anarquismo por aí…
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