Após o fim da União das Repúblicas Socialistas Sovieticas (URSS), muitos ainda acreditam que ela foi um marco revolucionário comandada por uma elite profissionalizada de revolucionários, sob o comando de uma pessoa “iluminatti marxista”.
Nesse caso o único erro é atribuir o processo revolucionário aos bolcheviques e suas lideranças. O fato é que após a derrocada do czar russo, um grande vazio de poder surgiu. Organizações de várias matizes se apresentaram com proposta para o gerenciamento, produção e distribuição econômica necessários para que o povo russo tenha condições mínimas de vida.
Esse desenvolvimento foi marcado pelo controle coletivo dos meios de produção e a formação dos sovietes, assembleias populares onde todas as pessoas podiam participar de forma direta, expressando como as coisas deveriam funcionar e quem assume o que e faz o que. Isso realmente foi algo muito importante a ponto de ser colocado até no nome do país.
O que aconteceu foi que nesse desenvolvimento alguns grupos influenciados pela cartilha marxistoide levou a conspirarem em tomarem o governo, centralizando em um partido forte que manteve o controle estatal de tudo, passando por cima de todos os sovietes.
Isso foi uma grande traição ao povo que estava construindo uma nova sociedade.
Mas não foi algo tranquilo, muitos sovietes e zonas autônomas e coletivizadas não se entregaram sem lutar e a guerra civil e massacres entre irmãos ocorreram.
Episódios como da Makhnovtchina, Confederação do Nabat e Kronstad são exemplos de como foi a centralização marxista e como a vanguarda bolchevique entendiam a revolução: a traição e ditadura sobre todas e não ouse questionar isso, porque todos os contrários serão executados.
Iniciado com Lênin, executado por Trotski e ampliado por Stálin, as perseguições e execuções de todos os contrários do sistema totalitário tiveram um grande impacto na sociedade russa, calando o povo onde deveria seu canto de liberdade.
Temos as cartas de Kropotikin para Lênin, chamando­-o a se comprometer mais com o povo que estava sofrendo em várias partes da Rússia e que o fato de estarem destruindo os sovietes autônomos e tornando as pessoas militantes bolcheviques do POSDR as reais lideranças, uma vez que eram também comissárias militares e controlavam agrupamentos armados, era fácil obter pela força o controle dos sovietes que não aceitassem as imposições do comitê central, isso foi minando as forças revolucionárias. O confisco de tudo e de todas para fins de controle foi tão extremado, que milhões de camponeses, sem instrumentos de trabalho, sem acesso à produção e nem a sua distribuição, morreram de inanição.
Afinal, aos olhos das pessoas bolcheviques, as camponesas eram uma força que devia ser controlada pois não tinham a disciplina revolucionária que a vanguarda bolchevique exigia.
No processo de abertura política ocorrido na Rússia, houve o golpe de misericórdia no povo russo. As pessoas comunistas após extorquir o povo, submetendo-o a condições de escravidão por décadas, partilham o bolo entre eles e deixam as contas para o povo pagar. Enquanto a elite do partido se tornou dona do que era do povo, a população foi lançada ao capitalismo sem fronteiras, o que não mudou as relações de exploração e opressão que tinham no regime totalitário comunista.

Lembremos a Revolução Russa: luta e traição
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