A possibilidade de se afirmar e adotar uma rotulação que diga seja um elemento vinculado a um determinado grupo “x” ou “y” existe, mas não depende somente desta autoafirmação para que se concretize tal personificação. Há de ter também um elemento externo, próprio do grupo, segmento ou do contexto que esteja vinculado. Isso significa que de forma clara, não basta dizer que é uma pessoa “anarquista”, andar com uma camiseta com um A na bola, ou tatuar elementos e ícones que associam ao anarquismo, existe algo que vai além dessa caracterização, que são os aspectos psicológicos que criam o ser anarquista e o que fará distingui-­lo onde quer que esteja, caracterizado ou não.
Chama-se aqui a atenção no compromisso com a proposta revolucionária, o que significa de fato assumir ações coerentes com a liberdade plena e a luta contra a opressão constante e dominante que impedem o livre desenvolvimento de cada ser. E no caso não podemos misturar ou confundir com uma pretensa disciplina revolucionária.
Entendemos disciplina como controle totalitário e metódico para um determinado fim, que leva a uma hierarquização e um desprezo aos elementos livres e soltos da luta. Na luta de emancipação, com fundamentos anarquistas, não podemos destruir um poder pela disciplina, pela organização disciplinada e ordenada, mas sim pelo compromisso caótico de nossa gente em fazer o bem estar e liberdade uma realidade agora, rompendo com tudo que impeça isso, sejam leis, sejam regras, sejam processos que levem a estagnação da luta. Esse compromisso abre espaço para criatividade e ação direta de todas.
Tendo compromisso com a anarquia, tudo o mais se faz.
O compromisso leva a que cada uma assuma as tarefas necessárias, sem a necessidade de impor ou ter que dar “presta atenção”.
É natural ao anarquista assumir as ações, fazer diretamente e responder por tudo o que faz. Estranho seria e é que pretensas pessoas anarquistas que ficam acomodadas, apáticas e submetidas às lógicas do capital e confundem liberalismo como se fosse uma prática anarquista, que não é. O liberalismo é a ditadura da pessoa egoísta que não entende que as relações sociais são constituídas de forma coletiva e que seu eu é devido as outras pessoas que a rodeiam.

A essência “A”
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