“a força, como era do seu dever e, seguindo instruções precisas que lhe dei, repeliu com energia o ataque {…} dos desordeiros que começam a levantar os trilhos da linha da Companhia Paulista na vizinhança da cidade, acumulando dormentes e pedras no leito da estrada {…} e atiraram pedras e dispararam tiros de revólver e carabina contra os soldados da Força Pública {…} e por informações recebidas, os indivíduos mortos e feridos não são operários” Delegado Geral de São Paulo Thyrso Martins defendendo o uso da violência policial.
Não foi encontrada nenhuma arma com os manifestantes.
Os mortos Tito Ferreira de Carvalho, 67 anos, Antonio Rodrigues, 24 anos e Pedro Alves, 18 anos, trabalhavam regularmente na MacHardy (ferrovia) e na Companhia Mogiana (ferrovia).
Os “desordeiros”, todos pessoas trabalhadoras em greve, paralisaram a cidade de Campinas em 16 de julho de 1917, em conseqüência da grande greve em São Paulo, iniciada em 09 de julho de 1917, também com pessoas mortas e feridas. Em São Paulo, Jose Martinez, uma pessoa profissional sapateira, foi morta pela repressão policial, chamada de Força Publica.
Durante o dia foram feitos comícios e passeatas, reivindicando reajuste de 20%, redução da jornada de trabalho e melhor condições de trabalho (90 anos depois, continuamos nas mesmas reivindicações!).
À tardinha, a polícia prendeu um dos articuladores das ações, a pessoa anarquista sindicalista Angelo Soave e a envia para São Paulo, via trem. As pessoas manifestantes solidárias aos princípios de ação direta e justiça ocuparam os trilhos de forma a impedir a saída do trem prisão.
A força publica, instruída a usar de energia e rigor, o que vale dizer, violência que lhe é peculiar (certas coisas não mudam!), dispersa os manifestantes a bala. Os resultados de tais atrocidades são inúmeras pessoas feridas e 3 pessoas mortas.
A sociedade e imprensa campinense ficaram indignadas com a atitude da polícia, que embora afirmasse que o movimento era de pessoas desordeiras estranhas as pessoas operárias, não conseguiu provar suas afirmações. Como acima descrito, eram pessoas trabalhadoras ativas do setor ferroviário.
Estes fatos ocorreram antes e voltaram a ocorrer depois, e se nossa gente oprimida e explorada não se unir de forma revolucionária e romper com o sistema opressor e explorador, acontecerão ainda muitas e muitas vezes. Leia a poesia em homenagem a essas pessoas assassinadas nessa ligação: 1917,a luta de quem tem fome
Lembremos a Internacional:
Bem unidos façamos, nesta luta final, duma Terra sem amos, a Internacional!