O anarquismo enfrenta vários desafios no Brasil, de forma similar a muitos outros países. Podemos elencar algumas questões que contribuem para a dificuldade do anarquismo se desenvolver aqui no Brasil.
A primeira coisa a ser considerada é o histórico autoritário. O Brasil tem uma história marcada por regimes autoritários e governos centralizados. Isso criou uma mentalidade predominante que valoriza a autoridade e o poder concentrado. O anarquismo, por sua vez, busca a abolição do Estado e das estruturas hierárquicas de poder, o que vai contra essa mentalidade arraigada. Tudo é possível no anarquismo considerando não haver pessoas opressoras e nem serem oprimidas, não haver pessoas exploradoras e nem pessoas exploradas.
Em seguida, existe uma falta de conhecimento e desinformação sobre a Anarquia. O anarquismo ainda é pouco conhecido pela maioria da população brasileira. Muitas pessoas têm uma visão distorcida ou estereotipada do anarquismo, associando-o a desordem, violência e ausência de regras. Essa falta de conhecimento dificulta a difusão das ideias anarquistas e a formação de movimentos sólidos. Muito disso é em virtude dos ataques continuados de todos os grupos de direita e de esquerda que entendem a anarquia como um grande obstáculo a propostas de controle e exploração em moldes capitalistas ou socialistas, comunistas. A anarquia não se enquadra em cenários partidários e de Estado.
Temos uma repressão e perseguição, que ao longo da história brasileira, as pessoas anarquistas enfrentaram repressão e perseguição por parte do Estado e de grupos conservadores e mesmo de grupos autoritários de esquerda, muitos associados ao marxismo e suas diversas variações. Durante a chamada “República Velha” (1889-1930), o anarquismo era criminalizado, e muitas pessoas anarquistas foram presas, exiladas ou mortas, como episódios de campos de concentração e barcos prisões. Essa repressão histórica deixou marcas na sociedade e desencoraja ainda hoje a exposição de grupos e pessoas de perfil anarquista. Uma perseguição e controle das expressões anarquistas ainda está presente, o que dificulta uma divulgação maior do anarquismo.
Somado a isso, uma fragmentação e falta de organização no anarquismo brasileiro marcado por uma desconfiança entre grupos e ideias anarquistas de várias matizes. Há uma diversidade de vertentes e tendências dentro do movimento anarquista, o que dificulta a formação de uma frente unida e coesa, uma grande imaturidade em perceber que a diversidade não é um obstáculo e sim uma capacidade de abrir muitas frentes de luta de emancipação. Além disso, a falta de organizações anarquistas bem estabelecidas e com capacidade de mobilização também limita o alcance e o impacto do anarquismo no país.
Reforçamos que a influência do pensamento conservador se mantém muito presentes. O Brasil tem uma forte influência do pensamento conservador e de correntes políticas mais tradicionais. Essas ideias tendem a reforçar a importância do Estado e das estruturas hierárquicas de poder, opondo-se aos princípios fundamentais do anarquismo. Essa influência dificulta a aceitação e a disseminação das ideias anarquistas na sociedade. Porque embora haja uma percepção de uma sociedade “libertina”, é dentro de um contexto liberal, misógino e egoísta, pouco preocupado com as relações de exploração e opressão que o país passa.
Apesar dessas dificuldades, é importante ressaltar que o anarquismo no Brasil possui uma história de luta e resistência, com momentos de avanços e conquistas. Ainda existem grupos anarquistas ativos no país, promovendo ações diretas, protestos, debates e produção de conteúdo para disseminar suas ideias. O futuro do anarquismo no Brasil dependerá da capacidade desses grupos, tais como a ave mística Fenix, uma Fênix Negra, de superar os desafios e encontrar formas eficazes de promover suas propostas em um contexto social e político complexo.
Na luta pela anarquia somos dignas e livres!