
Mais uma virada de ano (2025 para 2026), quem pega ônibus em Campinas acorda com uma realidade que já deveria ser familiar: mais um aumento na tarifa do transporte coletivo. A passagem, que custava R$ 5,70, passa agora a R$ 6,00, enquanto o vale-transporte chega a R$ 6,50. Para quem depende do ônibus todos os dias para trabalhar, estudar ou acessar serviços básicos, esse reajuste não é um detalhe técnico, mas um impacto direto no orçamento mensal. (Quer saber mais sobre o transporte publico em Campinas/SP, clique aqui para texto completo).
As justificativas oficiais também não são novidade. Fala-se em equilíbrio econômico do sistema, aumento de custos operacionais e necessidade de manter contratos em funcionamento. No entanto, essa explicação abstrata pouco dialoga com a experiência concreta de quem está nos pontos e nos terminais. A realidade cotidiana continua sendo marcada por atrasos frequentes, veículos superlotados, intervalos longos e um serviço que não acompanha o valor cobrado.
O aumento da tarifa ocorre dentro de um modelo profundamente desigual. O transporte coletivo de Campinas está concentrado nas mãos de poucas empresas, que controlam praticamente todas as linhas da cidade. Trata-se de um oligopólio sustentado por concessões públicas, onde não existe concorrência real nem possibilidade de escolha para o usuário. Quem depende do ônibus paga mais, independentemente da qualidade entregue.
Esse modelo ajuda a explicar por que os reajustes parecem automáticos, enquanto as melhorias são lentas ou imperceptíveis. A concentração do sistema reduz a pressão por inovação, eficiência e respeito ao usuário. A cada aumento, reforça-se a sensação de que a tarifa serve antes para garantir contratos e margens de operação do que para melhorar a mobilidade urbana.
Mesmo os subsídios públicos — pagos com dinheiro de toda a população — não se convertem, na prática, em um serviço melhor. A promessa recorrente de renovação da frota, modernização e eficiência não altera o cotidiano de quem passa horas em deslocamento. O resultado é um transporte caro, excludente e cada vez menos atrativo, o que empurra parte da população para o transporte individual e agrava os problemas urbanos.
Para quem usa o transporte coletivo, a mensagem transmitida pelo novo aumento é clara: paga-se mais para permanecer no mesmo lugar. Enquanto o sistema continuar organizado para funcionar em benefício de poucos operadores, a mobilidade seguirá sendo tratada como mercadoria, e não como direito.
Campinas não precisa de reajustes sucessivos sem contrapartida real. Precisa romper com a lógica do oligopólio, ampliar o controle popular, garantir transparência nos custos e recolocar o transporte coletivo como um serviço público voltado a quem realmente sustenta o sistema: quem está dentro do ônibus todos os dias.
Na luta somos pessoas dignas e livres!





