Uma das tantas diferenças entre o anarquismo e o marxismo é a perpetuação do estado.
Não existe um “bakuninismo” justamente porque dentro do anarquismo não temos lideranças, aceitamos de maneira tranquila o fato de que nossas pessoas filósofas acertam e também erram, o problema maior é quando direcionamos críticas ao marxismo e somos queimadas na fogueira do mesmo modo que somos queimadas pelas pessoas crentes ou católicas quando criticamos a bíblia. No anarquismo ninguém é uma pessoa sagrada, devemos permanecer abertas a mudanças, firmes no ideal, porém flexíveis, pois a liberdade não é algo imutável ou lógico.
Infelizmente percebo o marxismo deste modo, imutável, preso em suas lógicas surrupiadas de outras fontes. Disso não sobra tanta coisa para se apoiar.
Os meios para se atingir o fim da exploração e opressão não podem ser fechados, os tempos mudaram, as pessoas são orgânicas, sociologia não é uma fórmula matemática. Nenhuma pessoa anarquista, penso eu, jamais tentou criar uma fórmula para a revolução, sabemos que precisamos acabar com o capital, com a igreja e com o estado, mas impor liberdade através de ditaduras é uma enorme contradição, e digo mais, tentar definir um “plano” para uma sociedade livre é aprisionar a mesma, principalmente quando este plano é definido por uma única pessoa, no caso Marx.
Do mesmo modo que devemos filtrar muito do que Bakunin disse, devemos filtrar grande parte do Marx escreveu, pois seu pensamento sobre a liberdade era extremamente limitado, não afeito a processos de liberdade de fato, de todas as pessoas exploradas e oprimidas.
Anarquistas e marxistas são pessoas inimigas?
A história mostra inúmeras traições por parte das pessoas marxistas, a começar pelas próprias puxadas de tapete de Marx contra Bakunin na internacional, golpes partidários, black block contra red block ocorrido nos movimentos sociais na Grécia. No Brasil, em vários episódios, pessoas comunistas marxistóides entregaram e removeram pessoas anarquistas dos movimentos sociais e sindicais.
Os fins parecem ser os mesmos, mas para nós, pessoas anarquistas, os meios são tão importantes quanto os fins, não podemos atingir liberdade nos utilizando de coerções e do estado, para nós, é um mal a ser combatido, talvez tão grande quanto o capital e a igreja. A desconfiança de uma pessoa marxista sobre o anarquismo é “como pode haver igualdade sem um órgão controlador” a desconfiança de uma pessoa anarquista sobre o marxismo é “como pode haver igualdade e liberdade com controle de um terceiro sobre sua vida?”
Até o dia da revolução, nossas lutas continuarão, nossos diálogos também devem continuar, que a liberdade de uma pessoa anarquista nunca será acorrentada, jamais nos dobraremos a ninguém, nem a Deus, nem ao Estado!
Na luta somos dignas e livres!