Por algum motivo que só importa a você pessoa leitora, começou uma busca sobre o anarquismo e ter uma grande identificação com o que julga ser a anarquia.

No começo, tudo que encontrará, na maioria das vezes, será bagunça, desordem e caos, com um “Que anarquia!” ou “Não queremos que isso vire uma anarquia!”, daí assistirá episódios de filmes, desenhos ou lerá em quadrinhos, livros e afins, que as personagens, tomadas de uma energia descomunal, descontrolada, indisciplinada, que a leva entender que pode fazer o que bem entende, sem nenhum senso de consequência, se denominando anarquista, nos passando a concepção que esse tipo de atitude misógina, egoísta e inconsequente será sinônimo de anarquia, de uma liberdade descontrolada, ilimitada.

Pois não é! 

Ah! Imagino que agora muitas pessoas estejam pensando: “Não pode ser, essa pessoa escritora está equivocada e quer me confundir com joguinhos de frases de efeito, me manipular com suas concepções limitadas!”, “Nem ferrando, é um absurdo!” e por aí vai… Paciência! Acompanha a visão!

Como é sabido, mas esquecido, a palavra anarquia vem do grego e expressa diretamente sem governo. Podemos daí estender o conceito e também entender que anarquia, sem governo, será também sem controle e sem poder. Mas como seres sociais isso é um grande desafio e a chave para resolver essa antinomia é o fator organizador.

Sim! Organizar a anarquia, ordem na desordem, de forma que todas as pessoas envolvidas possam se unir e construir relações entre iguais em direitos e deveres, acordados de forma direta por todas envolvidas. A primeira leitura desse malabarismo semântico é contraditório para a percepção que muitas pessoas possuem  sobre a anarquia e que acima rascunhei e parece guiar para uma devaneio utópico que desaba diante da realidade social complexa em que somos reféns. 

Na anarquia, foquemos mais nos processos metodológicos, da ação direta organizacional. Isso pela simples razão que toda pessoa precisa de outras pessoas para viver e ter necessidades básicas satisfeitas. Por mais poderosa e autosuficiente que uma pessoa possa se considerar, mais cedo ou tarde, necessitará de outras pessoas para realizar tarefas que não imagina precisar e assim temos os elos necessários para nos mantermos. Essa organização é dada pelo que posso escrever na seguinte máxima: Não explore, não seja explorada; não oprima, não seja oprimida.” Com essa referência, é possível imaginar e aplicar práticas que acordadas de forma coletiva, atendam a cada pessoa e a todas, e todas foram felizes para sempre!

Oxalá fosse  assim! Mas não é e a luta é fazer isso acontecer de fato, rompendo com a opressão e exploração generalizada em que estamos imersos.

Não explore, não seja explorada; não oprima, não seja oprimida. Esse conceito exclui tudo que for autoritário, impositivo, hierárquico e arbitrário  que gere desigualdades sociais, econômicas, sexuais e raciais. 

Escrito isso, retomo que com esse conceito para anarquia, dificilmente poderia concordar com o estereótipo de que anarquia seja sinônimo de bagunça ou caos, ou que pessoas umbigocentricas possam ser anarquistas ao fazerem o que bem quiserem porque só conseguem se verem como a última bolacha do pacote. Se até as pessoas mais egoístas do mundo, as pessoas “sobrevivencialistas” que apostam em seu preparo multidisciplinar para ter alguma chance de sobreviver a toda gama de desastres, sabem que precisam de outras pessoas para aumentar a chance de sucesso de sobrevivência, por que uma pessoa umbigocêntrica conseguiria se manter sem ajuda de ninguém? Ora bolas, até Jonh Wicki precisa de apoio!

Findo esse rascunho, abraços livres, saúde e anarquia!

Anarquia não é bagunça.
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