Anarquia é uma palavra grega que significa literalmente “sem governo”, isto é, o estado de um povo sem uma autoridade constituída.
Antes que tal organização começasse a ser cogitada e desejada por toda um grupo de pessoas exploradas e oprimidas, ou se tornasse a meta de um movimento, que hoje é um dos fatores mais importantes do atual conflito social, a palavra “anarquia” foi usada universalmente para designar desordem, caos e confusão.
Ainda hoje, é adotada neste sentido por pessoas ignorantes e por adversárias interessadas em distorcer a verdade. Não vamos entrar em discussões filológicas, porque a questão é histórica e não filológica.
A interpretação usual da palavra não exprime o verdadeiro significado etimológico, mas deriva dele. Tal interpretação se deve ao preconceito de que o governo é uma necessidade na organização da vida social. O ser humano, como todos os seres vivos, se adapta às condições em que vive e transmite , através de herança cultural, seus hábitos adquiridos.
Portanto, por nascer e viver na escravidão, por ser descendente de pessoas escravas, quando começou a pensar, o ser humano acreditava que a escravidão era uma condição essencial à vida. A liberdade parecia impossível.
Assim também a pessoa trabalhadora foi forçada, por séculos, a depender da boa vontade da patronal e do empresariado para trabalhar, isto é, para obter pão.
Acostumou-se a ter sua própria vida à disposição daquelas pessoas que possuíssem a terra e o capital. Passou a acreditar que o senhorio era aquele que lhe dava pão, e perguntava ingenuamente como viveria se não tivessem uma chefia ou uma patronal.
E toda vez que cada pessoa trabalhadora recebe um salário, após um período de esforço laboral individual e coletivo, mas que através de um contrato de trabalho (quando é feito um!) sede a maior parte desse resultado por um salário bem abaixo da riqueza produzida, a pessoa trabalhadora ainda diz que “ganhou tal salário” reforçando uma suposta “bondade da pessoa empregadora”.É necessário entender essa condição de exploração e opressão, e que a anarquia traz uma metodologia de organização social viável, sem um governo que mantenha a opressão e a exploração, para uma ruptura de fato com as estruturas de controle e repressão.
Na luta somos dignas e livres!