É comum nossas companheiras, por falta de opção ou inexperiência na luta sindical, questionar como atuar nos sindicatos “oficiais”, principalmente em tempo de eleição, quando aparecem as pessoas dos partidos de diversas vertentes e cada qual apresenta um programa, teses interessantes para o nosso ramo de trabalho e para o rumo sindical no país. Muitas dessas companheiras até cogitam a possibilidade de participar de alguma delas.
Como revolucionárias sindicalistas, temos também nossas concepções, teorias, teses e programas de ação, que são geralmente contrários ao modelo sindical oficial, legal, aos modelos dos partidos e suas teses. Com isso já se pode estabelecer o tipo de relação que temos com os sindicatos ditos oficiais/legais. Temos que denunciá-los como uma farsa, uma ilusão que transforma nossa gente trabalhadora em “massa de manobra”, ou simplesmente a “massa” como tanto gostam de classificar as marxistas.
É claro que não devemos participar do processo eleitoral de um sindicato “oficial|legal” pelo simples fato de que ele é em última instância um elemento conservador das relações trabalhistas atuais, um elemento burocrático submisso a justiça do trabalho, controlada pelas forças dominantes. E nestes períodos poderemos fazer é acirrar nossa campanha de associação a um sindicalismo de base revolucionária, onde se indica o rompimento com as práticas sindicais amarelas, pelegas, reformistas iniciadas no tempo do fascismo de Getúlio Vargas e repaginado atualmente com as reformas trabalhista e previdenciária; de forma direta de resgatar o sindicalismo combativo do início do século XX que formou os primeiros sindicatos livres das pessoas trabalhadoras, organizados em torno de autogestão e construção de uma sociedade mais justa e livre.
Muitas companheiras questionam se não são práticas obsoletas e que não correspondem ao momento atual.
É necessário escrever que os avanços e conquistas das pessoas trabalhadoras foram feitas neste período são resultados diretos de “práticas obsoletas”. O que a pessoa fascista Vargas fez ao assinar a CLT foi amordaçar as trabalhadoras e mantê-las sobre controle, inspirado no modelo italiano totalitário de Mussolini.
De lá para cá, lutamos para romper a mordaça e sair do controle régio do estado, fiel escudeiro das patronais e forças empresariais. Mantendo o foco no principal objetivo de nossa luta, a nossa emancipação definitiva. E para isso, não precisamos de assistencialismo e nem do reformismo pregado e feito por todas as centrais sindicais, que fizeram um pacto para calar a boca de nossa gente trabalhadora e agora agonizam pelos efeitos das reformas que ajudaram acontecer.
Sim! As centrais ajudaram as reformas ocorreram porque desmobilizaram as lutas por vários anos e isolaram cada grupo de trabalhadoras, sem unir forças e sempre atendendo demandas corporativas de alguns grupos e sacrificando outros. Praticas corriqueiras do sindicalismo profissional legal|oficial…
Nossa luta é o fim da exploração e opressão de nossa gente!
Os sindicatos oficiais e seus partidos não assumem na prática isso, até porque perderiam seu ganha pão estatal, embora as grandes contribuintes são exploradas e oprimidas por quem deveriam orientar e ajudar na luta, mas são apenas roubadas por suas “representantes”. Os casos de desvios, propinas, caixas dois, extorsões nos sindicatos não param!
Companheirada, conversemos entre nossa gente oprimida e explorada, repliquem nossos materiais, produzam em cada lugar os seus próprios, com a cara de cada uma; organizem a luta em nossos locais de trabalho, denunciem as manobras partidárias dos sindicatos, suas falsas promessas e sua total apatia diante do estado e das forças patronais e empresariais.
Devemos sempre lutar com nosso ramo de trabalho, com a nossa gente, de forma solidária, o que não significa lutar com o “sindicato oficial” e nem sermos eleitas nos mesmo. Queremos o fim dos sindicatos reformistas, dos amarelos, dos pelegos, dos partidos e não fortalecê-los, participando de sua estrutura na vã ilusão que iremos de alguma forma mudá-los de forma profunda porque essas estruturas não permitem tal alteração.
Uma “chapa” de voto nulo, com uma proposta do sindicalismo revolucionário, indo direto nos pontos centrais, sem assistencialismo, sem reformismo, é isso que poderemos fazer, mostrando que só com nossa união, com a solidariedade entre pessoas trabalhadoras de todas as áreas é que poderemos realmente fazer uma luta digna por nossos direitos, é o que tem a oferecer sindicalismo revolucionário.
Essa é a campanha, essa é a luta, organização e emancipação de nossa gente por nós mesmas. O resto é enganação, enrolação e ilusão.
Obs: esse texto foi feito em Maio de 2008, mas foi atualizado para o Verão de 2020, para contextualizar com esse período.