O desenvolvimento de um grupo anarquista deve se primar pela ação direta nas áreas que inicialmente são abrangidas pelos seus próprios militantes. Isso significa que não há trabalho de inserção inicial, já que o dia a dia de cada um oferece preciosos espaços de vivência para resistência e luta. Cada pessoa militante não precisa mudar sua rotina para “se inserir em determinado lugar”, mas a partir da rotina opressora/exploradora, encontrar as brechas para propagandear/agir diretamente sobre essa rotina a fim de que ela seja transformada a luz de nossas ideias e métodos.
Escrevemos que no cotidiano, do levantar, ir trabalhar, se alimentar, mover-se de um local para outro, o bairro, a escola, a faculdade, o lazer, em fim, no cotidiano de que cada uma, há potencialmente condições de transformações, de serem criticadas e alteradas profundamente, ou seja, revolucionadas.
Atuemos em nossa própria vida, para que a partir dela, tenhamos espaços para conversas, para desenvolver nossas propostas de luta e resistência. Não há porque sairmos da nossa realidade explorada/oprimida para agir em outra que pouco conhecemos.
Desenvolver aspectos de inserção é negligenciar a própria existência e não compreende-la, é colocar de lado as potencialidades que cada uma dispõe, pois se fala de inserção de estamos de fora, e se estamos de fora, muito possivelmente é que a realidade na qual vivemos não há elo com a área de inserção.
Só se justifica essa inserção no caso de esgotamento de atividades nas áreas em que vivemos e com muita cautela para não ser algo estranho, vanguardista ou elitista, uma pretensão de inserção, mas com cara de invasão.
Com a honestidade, humildade e otimismo revolucionário demonstrar através da ação direta, que o anarquismo, está além de uma bela utopia, é uma realidade sóbria e viável que se dissolve em meio de nossa gente. Cada vez mais nossa gente mostra seu potencial revolucionário, no qual não precisamos nos inserir, somos parte dessa gente e nela estamos unidos pela emancipação social final.
Nesse meio, nossa contribuição é manter acessa a esperança e a ação direta na resistência e luta popular. Esforçamos para ampliar essa consciência, essa rebeldia, essa insurgência cujo nossos inimigos procuram desqualificar, controlar e destruir sempre que possível. Eles, sim, se inserem em nossa gente com assistencialismos e promessas que não cumprem, com mentiras, com ilusões, com competições, com repressões, com um educação castradora, com uma libertinagem burguesa que mantem nossa gente sobre controle do pão e circo (bola e carnaval) e trabalho escravo.
Essa situação não é mais tolerável, tem que acabar. A partir de nossa realidade romper com as correntes da opressão e exploração. Só assim, em luta, é que nossa dignidade é resgatada, só com muita luta é que conseguiremos a nossa liberdade, a luta popular a partir de nossas realidades!