O trabalho, numa sociedade moderna, é uma conjunção de forças técnicas e manuais e isto tende a ser cada vez mais geral, na medida em que o técnico pode simplificar sem cessar o esforço físico e transportar para máquina a maior parte das funções penosas. Tanto o sábio em seu laboratório, gabinete ou cátedra, quanto o técnico ou o operário são forças de trabalho socialmente útil e necessário.

O que diz respeito a estes esforços e à sua intervenção dirigente e agente na produção só pode ser motivo de júbilo. Mas será que alguém poderia nos dizer o que é que produzem os capitalistas, os proprietários, os acionistas, os intermediários do atual regime econômico?

O trabalho destas pessoas, ao qual referem-se alguns velhos economistas, é segundo as palavras de Proudhon, “uma ficção do antigo direito feudal que passou á moderna economia política e se resolve numa entrega quase gratuita do operário ao capitalista especulador e proprietário, última forma de especulação do homem sobre o homem… Na realidade, somente o trabalho físico e intelectual é produtivo”.

Não com base em concepções socialistas proudhonianas, mas sim em honra a um sincero reconhecimento da verdade, Germán Bernacer, um autor espanhol de textos econômicos, num livro publicado em 1925, Interes Del Capital, sustenta que a única fonte de receitas deve ser o trabalho produtivo e que cabe suprimir o custo do capital, fonte não-laboriosa de benefícios econômicos, mesmo no regime de produção individualista. Compare-se esta idéia com as modernas concepções dos tecnocratas estadunidenses.

O que nós desejamos é algo parecido: a supressão de receitas não-legitimas, isto é, daquelas não produzidas pelo trabalho físico ou intelectual socialmente útil, o que equivale a uma profunda transformação econômica que coloca no centro da economia, não a especulação e o lucro, mas sim o trabalho e o produto para o bem-estar de todos.

Do trabalho
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