O sindicalismo é fruto da organização das pessoas trabalhadoras em busca de melhores condições de vida em todos os seus aspectos. 

À medida que a luta desigual entre as pessoas trabalhadoras e os grupos de poder que controlam os meios de produção se acentuam, os grupos poderosos atacam sistematicamente as organizações sindicais, desmontando e fechando todas que ofereciam algum tipo de ameaça às estruturas de roubo e opressão. 

Centenas de milhares de pessoas sindicalistas foram perseguidas, presas e assassinadas em todo o mundo. O Brasil não está fora desse contexto, e aqui houve um desmonte do movimento sindical, primeiro com as perseguições, prisões e extradições de milhares de pessoas trabalhadoras, uma vez que muitas delas vinham de fora, com experiência organizacional de seus países de origem. Com ascensão da ditadura varguista, sob influência do fascimo italiano, é iniciado um particionamento do movimento sindical buscando o enfraquecimento do sindicalismo combativo e o substituindo por um sindicalismo corporativo e de resultado limitado a cada corporação ou categoria, perdendo a capacidade amplificada da força coletiva que envolvia todos os ramos de pessoas trabalhadoras.

Além de corporativizar os ramos de trabalho, só poderia existir um sindicato para cada profissão ou grupo profissional em regiões delimitadas, tornando o sindicato uma miscelânea de correntes diferentes e divergentes dentro de si, tornando o palco de lutas intestinas que enfraqueciam as próprias pessoas trabalhadoras e sua organização

Outro grave revés ao sindicalismo combativo, revolucionário, foi a perda de sua capacidade de pautar e de interagir diretamente nas diversas profissões e em seus ambientes de trabalho. O sindicalismo ficou quase que limitado às questões econômicas das pessoas trabalhadoras. Foram criadas outras instâncias de fiscalização, os conselhos de classe das mais diversas profissões. Em conjunto a isso, dentro dos espaços de trabalho urbanos e rurais, a organização da segurança do trabalho também foi removida das atribuições sindicais e entregue a órgãos controlados pelas patronais e Estado, fiel servo dos grupos poderosos.

O Estado tornou-se uma figura chave nesse processo de controle do sindicalismo. De perseguidor, torturador e assassino das pessoas trabalhadoras sindicalistas e sindicalizadas, através das leis varguistas de controle do meio de trabalho, se torna o agente regularizador, legalizador e moderador das relações de trabalho, quase sempre atendendo aos interesses dos grupos de poder.

Neste processo de tornar os sindicatos em extensão de controle e adestramento das pessoas trabalhadoras, transformaram a greve em uma arma de festim, quase sempre ilegalizada nas mãos dos juízes trabalhistas. Dentro do acervo de possibilidades de ação, a greve sempre foi uma das armas mais fortes dos movimentos das pessoas trabalhadoras.

Agora vivemos uma transformação enorme nas relações de trabalho, com a robotização e avanços tecnológicos surpreendentes, unidos a uma amplificação dos conceitos liberais nos meios de trabalho, o que significa um desmonte e desregulamentação das leis trabalhistas, principalmente daquelas que protegiam de forma minimizada, as pessoas trabalhadoras e evitavam que de fato se tornassem escravizadas em pleno século XXI. 

Esse processo de precarização só tende a piorar, pois as organizações sindicais cooptadas a muito tempo, mantendo uma elite profissionalizada de sindicalistas, há muito se separam das aflições e desesperos da grande maioria das pessoas trabalhadoras. Estamos abandonadas à mercê dos grupos poderosos.

Retomar a organização coletiva das pessoas trabalhadoras é nossa resposta ainda possível. Na luta somos dignas e livres! 

Reveses do sindicalismo combativo
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