Como há muita gente que se perde e confunde nas ideias, segue uma definição de dicionário do que é liberalismo, é um resumão para uma primeira referência sobre o assunto.
O Liberalismo é a doutrina que serviu de substrato ideológico às revoluções antiabsolutistas que ocorreram na Europa (Inglaterra e França, basicamente) ao longo dos séculos XVII e XVIII e à luta pela independência dos Estados Unidos. Correspondendo aos anseios de poder da burguesia, que consolidava sua força econômica ante uma aristocracia em decadência amparada no absolutismo monárquico, o liberalismo defendia:
1)A mais ampla liberdade individual (a libertinagem e putaria que conhecemos!);
2)A democracia representativa com separação e independência entre os três poderes (executivo, legislativo e judiciário) (uma falsa democracia portanto, já que democracia só pode existir diretamente por todas as pessoas participantes);
3)O direito inalienável à propriedade (um tabu “sagrado” que assegura e consolida a desigualdade e miséria social, de tal forma que não tem “reformas” que supere isso, é com a abolição da propriedade como posse que isso começará a mudar de forma mais profunda);
4)A livre iniciativa e a concorrência como princípios básicos capazes de harmonizar os interesses individuais e coletivos e gerar o progresso social (no caso a livre iniciativa é solapada pela concorrência, principalmente porque não há igualdade entre as pessoas, que asseguraria uma concorrência “justa”. A livre iniciativa só é importante em uma proposta cooperativa, de associação entre todos e não numa guerra de resta um na qual fomos enfiados querendo ou não).
Segundo o princípio do laissez-faire (deixa acontecer), não há lugar para ação econômica do Estado, que deve apenas garantir a livre concorrência entre empresas e o direito à propriedade de posse, quando esta for ameaçada por convulsões sociais (causadas pela ambição, ganância e concorrência desleal nessa guerra por riquezas, onde Estado é chamado para regular e reprimir quem fica de fora e quer entrar ou acabar com esse jogo de cartas marcadas). O pensamento econômico liberal constitui-se a partir do século XVIII no processo da Revolução Industrial, com autores como François Quesnay, estruturando-se como doutrina definitiva nos trabalhos de John Stuart Mill, Adam Smith, David Ricardo, Thomas Malthus, J.B. Say e F. Bastiat. Eles consideravam que a economia, tal como a natureza física, é regida por leis universais e imutáveis, cabendo a cada pessoa apenas descobri-las para melhor atuar segundo mecanismos desta ordem natural. Só assim poderia o homo economicus, livre do Estado e da pressão de grupos sociais, realizar sua tendência natural de alcançar o máximo de lucro com o mínimo de esforço. Os princípios do laissez-faire aplicados ao comércio internacional levaram à política do livre-cambismo, que condenava as práticas mercantilistas, as barreiras alfandegárias e protecionistas. A defesa do livre-cambismo foi uma iniciativa fundamentalmente da Inglaterra, a nação mais industrializada da época, ansiosa por colocar seus produtos em todos os mercados europeus e coloniais (tinha uma vantagem que os outros não tinham, isso foi justo? Claro que não, mas o fez impondo seus produtos ao mundo na ameaça de seus canhões e marinha de guerra, “God save free competition and the queen“, “deus salve a livre concorrência e a rainha”!).
Com o desenvolvimento da economia capitalista e a formação dos monopólios no final do século XIX, os princípios do liberalismo econômico foram cada vez mais entrando em contradição com a nova realidade econômica, baseada na concentração de renda e da propriedade. Essa defasagem acentuou-se com as crises cíclicas do capitalismo, sobretudo a partir da Primeira Guerra Mundial, quando o Estado se tornou um dos principais agentes orientadores das economias nacionais. Coube a J. M. Keynes redefinir os pressupostos da economia clássica, encarando a intervenção do Estado na economia e os próprios monopólios como uma evolução racional e natural no desenvolvimento capitalista. O liberalismo econômico atual mantém-se mais no plano da retórica, pois, na prática, há muito dirigismo econômico na sociedade capitalista moderna. Também as diretrizes dos mais importantes organismos econômicos-financeiros internacionais, como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e a Organização Mundial do Comércio (OMC) contradizem os princípios do liberalismo clássico, embora os afirmem documentalmente, apresentam conceitos, acordos e métodos que favorecem acima de tudo, as elites dominantes internacionais, que brincam de dança das riquezas, enquanto os 99% ficam assistindo a miséria e desigualdade se manter e aumentar em todos os continentes.
Por isso o liberalismo e sua versão grotesca que chamam de anarco-capitalismo,em nada tem a ver com o anarquismo e nunca terá.
O liberalismo nega o Estado, mas corre para debaixo da saia estatal sempre que se sente ameaçado pelas “convulsões sociais”, onde o bônus é privatizado e o ônus é coletivizado.
O liberalismo está no poder e vive de parasitagem econômica/financeira. Atualmente alguns tentam esdruxulamente usar o termo anarco-capitalismo, uma confusão proposital: querem dizer que são liberais e só isso. Não se atrevem a mexer no sacro-postulado da propriedade como posse e nem querem o seu fim. Aqui cabe salientar uma importante discussão sobre propriedade como posse e como uso, são momentos diferentes do conceito, sendo que a propriedade como elemento de uso é algo diferente como elemento de posse. A posse não necessariamente se faz o uso e pode e é o que acontece, acumular indefinidamente, sem pudor e sem escrúpulos, causando enormes problemas sociais, econômicos e ambientais em todo o planeta.
O anarquismo nega o Estado e o Estado oprime, reprime e o criminaliza o anarquismo.
A anarquia quer o fim do Estado e do capitalismo, ou de qualquer modelo/regime/sistema que seja fonte de opressão e exploração.
A propriedade de posse tem que ser abolida para repararmos as mazelas da humanidade!!!
Na próxima discussão lembre-se disso: Liberalismo é muito diferente do Anarquismo!
Nos vemos nas ruas, organizadas, lutamos!
Liberalismo