O filho-da-puta (mesmo quando geral preocupado, ainda o não sabe), vive tanto mais preocupado quanto mais filho-da-puta é, vive preocupado com suas ocupações e com a despreocupação dos outros, vive em permanente inquietação mesmo quando aparenta calma, tudo o que é novo perturba, é para ele causa de tormentos e temores.

Mas quanto mais teme e se atormenta, maior sua necessidade de continuar a fazer, de fazer cada vez mais, ou então de continuar a não deixar fazer, de deixar fazer cada vez menos. Mas quanto mais faz, ou quanto menos deixa fazer, maior o receio: receio de não poder continuar indefinidamente a fazer o que faz ou então a não deixar fazer o que não deixa fazer, receio do futuro e do presente e quase sempre até do passado.

O filho-da-puta nunca está satisfeito: por isso acumula, tenta acumular tudo o que pensa que são vantagens, por isso tem inveja, tem sempre inveja, inveja de tudo; por isso dorme mal, por isso tem prisão de ventre, por isso tem dores de cabeça.

Fragmento retirado do texto DISCURSO SOBRE O FILHO-DA-PUTA, de Alberto Pimenta.

Dores de cabeça
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