Eduque-se sobre as questões desta grupa oprimida. Você é perfeitamente capaz de se educar, e fazer isso é responsabilidade SUA. Nenhuma pessoa de um grupo oprimido tem a OBRIGAÇÃO de responder seus questionamentos; para isso existe a espaços de pesquisa reais e virtuais, e o que não falta é gente tentando teorizar as opressões que sofrem por ai. Pare, pesquise, se informe. Tirar as dúvidas com essas pessoas é perfeitamente normal, desde que você peça com educação e sem exigir dessas pessoas suas resposta. Também não assuma porque você leu vários livros ou artigos que você sabe TUDO QUE HÁ PARA SE SABER sobre uma opressão; adivinha? Você não sabe. Se você não faz parte de um grupo oprimido mas quer ser uma aliada, esteja ciente que sua caminhada será de educação constante e que você será chamado atenção por suas posições ou ações frequentemente. Tente se manter informado sobre os eventos atuais que envolvem as questões destes grupos e não tenha medo de tirar dúvidas, desde que o faça de forma respeitosa.
Mostre seus apoio por meio da ação. Frequente os eventos e manifestações, ou seja voluntária para ajudar com estes. Simplesmente esteja envolvida. Não se foque somente em falar sobre o assunto. [1]
Tente ativamente desafiar e destruir os estereótipos que as pessoas talvez tenham sobre grupos de pessoas diferentes delas, e isso inclui discurso preconceituoso do dia, como comentários depreciativos e piadas ofensivas. Lembre-se que o seu silêncio tolera e reforça a injustiça.
Confronte declarações e estruturas opressivas, bem como os pressupostos por trás delas.
Examine o efeito que diferentes identidades e experiências têm nas vidas e no desenvolvimentos de pessoas e povos. Identifique como raça, religião, classe, gênero, orientação sexual e tantas outras formas de identidade moldam nossas vidas. Não confunda diferentes experiências de opressão. Lembre-se de que ser oprimido por um fator não significa que você saiba como é ser oprimido por outros fatores.
NÃO TOKENIZE OU PADRONIZE indivíduos de diferentes grupos. Não queira nem presuma que um indivíduo parte de um certo grupo fale por todas as pessoas daquele grupo. Nem o grupo mais homogêneo pode prover uma homogeneidade de histórias de vida nem de opiniões. Cada pessoa tem sua forma pessoal de enxergar o mundo e a opressão que sofre e isso não pode ser ignorado.
Não tente falar por um grupo inteiro, mesmo quando você faz parte dele, e especialmente se você não faz. Fale por você e transmita suas próprias experiências. Não há problema em dizer quando você não sabe a resposta ou como responder algo.Ter um amigo parte de determinado grupo não faz de você uma aliada, mudança de pensamento de de ação fazem. Não tokenize seus amigos e nem tente usá-los como “prova” de seu apoio a uma causa. Não tente ser uma experta em uma situação só porque você conhece alguém que vive aquilo. “Mas meu melhor amigo é gay/negro/etc/etc.etc.” Não. Pare com isso!
NÃO FALE POR UM GRUPO – ajude a abrir espaço para que eles falem por si mesmos. Ofereça seu apoio, ouça o que eles querem, precisam, o que estão tentando fazer, e os ajude a fazê-lo. Nunca presuma que você sabe o que é melhor para um grupo do qual você não faz parte.
Esteja preparada para cometer erros. Nós todas cometemos. Transforme seus erros em aprendizado e continue tentando até acertar.
Aceite-se como parte de um grupo privilegiado, mesmo sendo um aliada. Não é porque você se levanta em favor de grupos oprimidos que você deixa de ter os privilégios do grupo privilegiado/opressor do qual faz parte. Você ainda tem poder de opressão sobre aquele grupo, e tem de estar ciente disso para poder não se utilizar de tal poder de opressão. Tentar minimizar seus privilégios ou se sentir culpado por eles não vai ajudar ninguém. Em vez disso, aceite seus privilégios e os utilize para prover voz e poder social para as pessoas que talvez não conseguiriam ter acesso a eles de outra forma.
Prepare-se para uma jornada de mudança de crescimento que virá ao aprender a ser um aliada. Este pode ser um processo doloroso e esclarecedor que irá ajudá-lo a conhecer-se melhor. No entanto, pode ser difícil de reconhecer tanto as áreas onde você é oprimido quanto as áreas onde detêm privilégio. Esteja aberto a críticas.
Confronte seus próprios medos, memórias e sentimentos ruins sobre membros de um certo grupo. Lembre-se e libere esses sentimentos, assim diminuindo a influência deles sobre você. Desafie os preconceitos e estereótipos que você aprendeu com a sociedade.
Não presuma que você sabe sobre o que é um certo grupo. Não pressuma que todos os membros de um grupo são o mesmo, que se portam ou que pensam da mesma forma, bem como que só existe uma única maneira de fazer parte daquele grupo. Esteja ciente e celebre a diversidade dentro das comunidades. Cada pessoa é experta em suas próprias experiências. Trate todos com respeito e como indivíduos.
Encoraje e permita a discordância e o debate. Questões sobre qualquer grupa oprimida são frequentemente confusas ou carregadas de significado. Se não houver nenhuma discordância, isso provavelmente significa que as pessoas estão se sentindo acanhadas ou amedrontadas ao ponto de esconder seus sentimentos e pontos de vista. Mantenha as discordâncias e as discussões focadas em princípios e nas questão ao invés de em indivíduos, e mantenha o debate sempre respeitoso.
E acima de tudo, escute. Aprenda. Entenda. Respeite. E ajude outras pessoas a fazerem o mesmo, para que todas possamos entender e apreciar umas às outras por todas as suas qualidades únicas que fazem parte de quem elas são.
(***)
* Mudei deliberadamente o gênero neutro para feminino em muitas partes do texto para forçar a reflexão intra-gênero, e não inter-gênero, para mulheres pensarem as diferenças entre mulheres nos espaços feministas e lidar com isso.
[1] também, se as pessoas desta grupa oprimida não quiserem sua participação, como é o caso de espaços exclusivos de mulheres negras ou lésbicas, é sua obrigação respeitar a não necessidade de você nem a limitação de seu acesso a esses espaços de auto-organização e autoconsciência de grupas específicas.
Por meio da ação: você pode traduzir, editar e disponibilizar materiais sobre questões de negras, lésbicas, descapacitadas, imigrantes, indígenas, idosas, etc….
Do sitio eletronico: https://apoiamutua.milharal.org