Desde que as interações sociais foram “virtualizadas”, sabemos dos riscos contidos nesse processo. Muitas pessoas se entregaram ao cyber-ativismo e procuram desestabilizar os programas das instituições do capitalismo e do Estado, corrompê-los com vírus e destruindo suas bases de informações.
Mas a maioria não tem nenhum conhecimento mais profundo sobre tudo isso, se limitando apenas ao uso comum, uma pessoa usuária simples e por isso, vulneráveis aos rastreamentos e controles de sistemas desenvolvidos com esses propósitos. Nesse contexto, seria prudente, que as pessoas militantes anarquistas, principalmente aquelas que usam de meios eletrônicos, um cuidado maior em suas ações virtuais, deixando rastros que sejam propositais e deliberados para o rastreio, isso apenas uma idéia entre tantas aplicáveis.
Temos especialistas e servidores seguros que garantem que uma parte de nossas informações e ações virtuais não sejam interceptadas e que possamos usufruir dos benefícios operacionais que a informatização oferece como a interação com grupos e pessoas distantes fisicamente.
Nas últimas decadas, muitos dos grandes levantes políticos e sociais tiveram grande apoio e formação através das informações disponíveis pela rede virtual. No Irã, manifestações de rua foram organizadas por tuitaços, como também a Primavera Árabe teve sua organização e divulgação pelas redes sociais virtuais. Os movimentos de Ocupação de Praças influenciados com o que ocorreu nas Acampadas na Espanha e Wall Street no EUA são uma amostra do que é possível fazer tendo o apoio de ferramentas tecnológicas unidas a estruturas convencionais de luta revolucionária. Ficou corriqueiro a realização de flash mob, prática que consiste em acordar em grupos uma ação simples e rápida em um lugar, de forma predefinida, não durando mais do que poucos minutos, os suficientes para sua gravação e postagem posteriormente, quando já não for uma live.
Diante disso, a união desses dois mundos ampliam nossas capacidades organizativas e nosso alcance, na intenção de amplificar nossas propostas de emancipação.
Neste sentido, temos que tomar todo o cuidado em não misturar os canais, causando mais problemas do que soluções.
Os militantes que não conhecem de softs e programação, que são meraspessoas usuárias devem ter muito cuidado no uso e avaliar sempre que tipo de informação está oferecendo. Existe um monitoramento muito grande das ações que considerem “subversivas” ou que propaguem o colapso do sistema vigente.
Se considera nessa situação que um recurso fácil é simplesmente usar os meios eletrônicos só para difundir coisas mais amenas e aquilo que for muito importante, que seja feito, de preferência ao vivo, evitando assim uma visibilidade desnecessária. Como exemplo: Por várias vezes militantes convocavam a formação de um black bloc nas redes sociais como se fosse um chamado para o chá das 5! Desnecessário escrever que não é assim que se forma um black bloc, mas é exatamente o contrário. Mais recentemente, os grupos de extrema direita convocaram atos de extrema violência pelas redes sociais, de forma aberta e de bom tom… o resultado foi a prisão em grande escala de muita gente, o que foi pouco. Fica para nós que tenhamos cuidado redobrado em nossas comunicações.
O contato individual sempre é uma medida segura e tradicional que pode se mesclar com exposições virtuais, ele é sempre construído com um propósito claro e com militantes com alguma experiência de enfrentamento de rua e que darão uns toques ao vivo, do que fazer nas várias situações de conflito de rua. Isso tudo, longe da vista das webcams e das redes sociais, onde deve circular materiais devidamente preparados para essa propaganda virtual.
Por questão de segurança, assuntos internos ou relativos a ações revolucionárias evitam-se nas redes sociais e e-mail de grandes corporações. Aliás, devemos lembrar que as grandes corporações comandam vastos espaços virtuais com grandes lucros em vários bilhões de dólares.
Isso por si só é uma motivação para se evitar o uso ou mesmo ações de boicote a tais mercenárias. Essas corporações possuem convênios com os governos e seus aparelhos de repressão, assim, repetimos, muito cuidado com o que postam ou como usam a rede, sem os conhecimentos adequados, poderão sofrer perseguições e até serem alvos de prisões e processos.
No Brasil, está em vigor um código penal adequado a crimes virtuais, buscando dinamizar os processos de investigação nesta área, os rastreamentos e monitorações já estão mais aprimoradas, todo cuidado é pouco!
Terminamos lembrando que todas as ferramentas de luta são importantes, mas devemos ter todo o critério de segurança para usá-los. Ao contrário do capital, nossos recursos são poucos e devemos utilizá-los ao máximo para manter a luta de emancipação a que estamos vinculadas.
Na luta somos dignas e livres!

As redes sociais e o anarquismo
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