Nesses curtos 5 séculos de existência, o enorme território que chamamos de Brasil se transformou de um extenso ambiente equilibrado e exuberante, de enorme fartura para uma paisagem decadente, empobrecida com entrada a passos largos em um colapso ambiental irreversível.
Assim como na Ilha de Páscoa entre tantos outros ambientes degradados, a principal causa do colapso ambiental que vivemos, foi e ainda é a ganância e ambição das pessoas colonizadoras que aqui chegaram e por aqui enraizaram gerações de pessoas gananciosas, ambiciosas, ou no jargão do momento, “empreendedoras”.
De imponentes florestas e matas exuberantes, de uma biodiversidade imensurável, século após século, o avanço do agronegócio, ditado por um grupo inescrupuloso, como qualquer grupo de poder, buscam sempre as maiores vantagens em todas as áreas e detestam questionamentos ou caminhos que saiam de suas curtas rédeas.
O agronegócio de enormes proporções está vinculado principalmente à produção de commodities (que são produtos de origem agropecuária ou de extração mineral, em estado bruto ou pequeno grau de industrialização, produzidos em larga escala e destinados ao comércio externo). Esse grande AGRO não coloca diretamente comida nos nossos lares e nem nos favorece com seus exorbitantes ganhos.
Mas como isso, se dizem que se o campo não planta a cidade não janta?
Entendamos: a cadeia produtiva de commodities não é pensada para satisfazer diretamente as necessidades básicas de nossa gente, que é comer, trabalhar, morar em um teto decente e usufruir de saúde e lazer. A grande lucratividade do agro é voltada para sua própria existência e propósito, deixando de lado as nossas necessidades básicas, nosso bem estar. Esse é o grande e enorme AGRO que tem feito enormes estragos nas terras brasileiras, devastando florestas e matas para colocar seus latifúndios (grandes extensões de terra, que podem ser produtivas ou improdutivas), conseguem acesso a empréstimos a perder de vista, influenciar as pessoas legisladoras, executivas e até na esfera judiciária que vive passando pano para os mandos e desmandos das grandes pessoas do agronegócio.
O Brasil é um grande produtor e exportador agrícola (agronegócios, o grande AGRO), possui vários tipos de monoculturas (plantio de uma única cultura realizada, comumente, em latifúndios) e nelas usa técnicas que se tornaram tradicionais: uso intenso de venenos (usa 4 vezes mais veneno em hectare de lavoura do que os USA ou 5 vez em hectare de lavoura do que a China, que também são grandes países agrícolas), desmatamento sistêmico com uso do fogo, uso intenso de fertilizantes químicos, uso de implementos agrícolas de alta tecnologia e caros. Essas práticas agrícolas podem aumentar a produção, mas o preço desse aumento de produção nos é caro!
Pense que a lucratividade não é compartilhada, mas os problemas dessa produção em larga escala são compartilhados e estão aí: desmatamento, envenenamento, concentração de renda e de propriedades, agravamento das mudanças climáticas e adoecimento generalizado da população por conta de uma enxurrada de produtos ultraprocessados.
Então de onde vem nossa janta?
Desse grande AGRO, certamente que não!
Nossa janta ainda é produzida pelos pequenos sitiantes, da agricultura familiar, a qual, diferente do grande AGRO, são reféns das variações do mercado interno e até mesmo de processos de importação de produtos que não mais temos aqui ou são produzidos abaixo da procura, por não mais compensarem financeiramente.
Apesar de tudo jogar contra este agro “menor”, é ele o responsável direto em ainda termos hortaliças, frutas e legumes em nossas mesas.
Esse agro é o que tem maior engajamento com técnicas e métodos de produção mais ecológicos, com uso menor de produtos tóxicos e uma consciência e comprometimento ambiental maior. Interessante ver que muitas novas técnicas de produção agrícolas que atendem as necessidades de conservação ambiental, já apontam grande produção e de quebra fornecem recuperação das áreas degradadas. Sistemas de agroflorestas e técnicas sustentáveis de cultivo consorciado têm mostrado uma produtividade aliada com a proteção ambiental.
Então, por que o grande AGRO não tem aderido a essas tecnologias de forma ampla?
Embora alguns “agronegociantes” tenham aderido de alguma forma a essas tecnologias, o grande AGRO pop só muda quando essa mudança seja de garantia de sua lucratividade, mas só gerar lucro não é o suficiente, querem o domínio total desses processos de forma que garantam o controle de toda a produção e não terem surpresas. Em muitos casos preferem a manutenção da lucratividade desmatadora, envenenadora e desastrosa, do que ter que inserir mais “players” no jogo que ocasione a divisão de sua enorme lucratividade.
Essa ganância e ambição se mantém desde a invasão dessas terras, uma situação de permanente degradação, da qual é importante manter uma resistência ambiental e busca de mais união de luta contra esse grande AGRO destruidor.
Na luta somos dignas e livres!