
A ação direta é um vento que não pede permissão às portas fechadas. Ela sopra quando a injustiça se faz pesada demais para os pulmões das pessoas. Não espera calendários nem discursos: nasce do corpo cansado, da mão que treme e ainda assim se levanta.
Ela caminha descalça pelas ruas, aprende com a poeira, fala a língua simples de quem trabalha e sofre. Não carrega promessas distantes, carrega o agora — esse instante em que dizemos basta e transformamos a recusa em gesto. Porque a liberdade não mora no amanhã: respira apenas quando é vivida.
Mas a ação direta nunca anda sozinha. Ela é passo que encontra outro passo, fome que se reconhece em outra fome, ombro que sustenta ombro. Chama-se solidariedade popular: esse laço invisível que faz do indivíduo parte de um coletivo e do coletivo uma força. Onde alguém cai, outra pessoa levanta; onde falta pão, reparte-se o pouco até que vire muito.
A ação direta não tem trono nem altar. É chama passada de mão em mão, fogo que aquece sem consumir, força que cresce quando é compartilhada. Onde alguém manda, ela se cala; onde muitas pessoas decidem juntas, ela canta. Seu canto não é de ódio, mas de dignidade recuperada, afinado pela confiança mútua.
Quando os palácios parecem eternos, a ação direta lembra que toda pedra foi colocada por mãos humanas — e pode ser removida pelas mesmas mãos, juntas. Criar é resistir, e resistir é criar de novo: cozinhas coletivas, ruas vivas, trabalho repartido, vida defendida em comum.
Assim seguimos, pessoas ligadas umas as outras como raízes debaixo da terra. Não como sombras obedientes, mas como pessoas inteiras. Porque só quem age junto permanece, e é na solidariedade popular que a liberdade deixa de ser palavra e se torna vida.
Na luta somos pessoas dignas e livres!





