Os partidos políticos sempre atenderão em primeira mão os interesses das suas pessoas filiadas e dos grupos de poder que os bancam, uma troca de vantagens em que a nossa gente oprimida e explorada fica de fora. Alguns acreditam que farão alguma diferença e que romperão com o sistema de dentro do próprio sistema, isso é uma ilusão.
Por mais boa fé que tenham ou que queiram realmente avançar na luta de emancipação, a estrutura a qual pertencem os limita como proposta revolucionária, o que torna todos os seus discursos inócuos, hipócritas e demagogos. Existe um entendimento comum de todo partidário que é “natural” na política essa atuação e não fazê-la é deixar uma lacuna para que outros a usem.
De forma anarquista primeiro não há como definir o anarquismo como um partido, uma vez que é uma proposta de emancipação total social, política, econômica, cultural, sexual, ambiental, ou seja, não há como partidarizar algo que promove uma radical transformação pela união de todos os seus membros através de métodos de organização e educação também emancipatórios, que se dão através do entendimento da sociedade como é e como mudá-la por meios que garantam que os fins não sejam distorcidos. Não é uma busca insana pelo poder ou por algumas vantagens para determinados grupos que os partidos defendem ( sejam oprimidos, sejam opressores), não é a luta por bolsas-migalhas ou qualquer subsídios estatais com a intenção de calar a boca e manter nossa gente em murmurosa resignação. Quando isso falha, sempre terão o aparato de repressão ao seu lado para fazer o papel sujo de desmantelar, prender e assassinar opositores.
A nossa causa por ser justa e igualitária nunca será aceita como legal por parte da moral, virtude e progresso evolutivo do capital e da democracia representativa, no máximo ela ouvira, mas não concordará, a não ser que isso garanta as vantagens que possuem desde que se estabeleceu a relação de opressão e exploração na humanidade.
É uma proposta que transcende a isso, mas tem um profundo senso de realidade a ponto de afirmar sempre e tendo como base não a teoria e falácias acadêmicas, mas as práticas partidárias de todas as matizes que entraram no jogo atual político. Vemos que a luta para reformas em leis são lutas por demais morosas, cansativas, que dispensam muita energia e causam grandes decepções.
Não nos iludimos, o gasto de tanta energia assim em nossa compreensão poderia ser aproveitada para o preparo e ações diretas focadas no processo de emancipação, da conscientização de nossa gente até o já processo educativo de assembleias populares, fóruns coletivos de discussão, tomada de decisão e ação pelos próprios interessados.
Não esperamos que o que propomos seja aceito em forma de lei do sistema vigente, é da prática e constituição desses preceitos de forma real pelos seus reais interessados de forma coletiva e consensual é que a torna vigente e a cada geração de rebeldes, essas mesmas propostas se alteram, sem perder o teor emancipatório. Isso é o rompimento com o modelo partidário, uma vez que são superados pelas relações interpessoais, responsabilidade de forma direta. Isso exige um grande compromisso individual, o qual não podemos exigir dos outros, mas de si mesmos, principalmente em um ambiente desfavorável que cultiva o ódio e a desconfiança de todos contra todos. Temos paciência o suficiente para manter o discernimento, o foco em nossa luta e que seu desenvolvimento é gradual e a cada geração devemos cultivar o senso crítico, autocrítica base de um livre pensamento e isso é obra nossa para nós por nós, isso leva a repetirmos o velho jargão: sem Partidos, sem Estado, sem Patrões, sem Religião.
A luta e organização direta é que assegura, não uma vitória em pequenas escaramuças sociais ou reformas aqui e ali, mas uma emancipação e educação livres de todas as pessoas exploradas e oprimidas.
Na luta somos dignas e livres!