Emma Goldman – Do texto – O amor entre pessoas livres – 1917

Necessitamos nos desprender das velhas tradições e costumes e o movimento em pró da emancipação da mulher está em seus primeiros passos nessa direção e que estão se consolidando. O direito do voto, a igualdade de direitos civis, são reivindicações justas, mas a emancipação de fato não começa nas urnas e nem nos tribunais, mas em cada mulher.

O tempo nos conta que todo grupo oprimido obteve a sua liberdade de seus dominantes por esforços próprios. É importante que cada mulher aprenda essa lição, que entenda que sua liberdade será na proporção de suas ações para obtê-la; que mais rápido se construa abandonando os preconceitos das tradições e dos costumes patriarcais e machistas.

A exigência dos direitos iguais em todos os aspectos da vida profissional é muito justo, mas o direito mais importante é o direito de amar e ser amada. Portanto, se a emancipação parcial tem que se converter em uma emancipação completa e autêntica da mulher, deverá acabar com a ridícula ideia  de que ser amada, converter-se em namorada ou mãe é sinônimo de escravidão ou de subalterna; terminará também com a ridícula ideia do binarismo de gênero, ou que o homem e a mulher representam mundos antagônicos, a mesquinhez separa e a liberdade une, sejamos grandes e desprendidas e não esquecemos os assuntos vitais mergulhadas em efemeridades. 

Uma ideia de fato justa entre relações entre gêneros não admite os conceitos de conquistador e conquistado, o que é importante é permitir a si mesma sem limites para encontrar mais completa, mais profunda e melhor de si. Somente isso pode preencher o vazio e transformar a tragédia da mulher emancipada em alegria sem limites.

A tragédia da mulher
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