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“No Ocidente, é praticamente impossível falar publicamente sobre o Hamas de qualquer forma que não seja uma condenação direta e total. Por trás dessa notável limitação do espectro do debate público reside a ideia de que o Hamas representa um “mal” tão profundo que carece de qualquer complexidade. Em parlamentos, universidades e jornais, o Hamas nunca é discutido, simplesmente porque — presume-se — não há nada para discutir. A ideia de que o Hamas é simplesmente um grupo “terrorista” que não deseja nada além de morte e destruição tornou-se pública e de conhecimento comum entre as elites sociais e políticas, um fato tão bem estabelecido que nem precisa ser discutido.
Infelizmente, os esquerdistas radicais ocidentais não ficaram imunes a essa lógica de deturpação e censura do pensamento. Seja pela internalização da propaganda estatal, pelo racismo antiárabe e pela islamofobia, ou por dogmatismo ideológico, antes e depois de 7 de outubro, muitos esquerdistas rejeitaram o Hamas com pouca ou nenhuma argumentação. O Hamas é tachado de “reacionário” e “antissemita” e é caracterizado como um obstáculo à libertação palestina. Essa rejeição é frequentemente acompanhada de declarações infundadas repetidas vezes, como a noção de que o Hamas não tem apoio real entre os palestinos, ou que o grupo foi criado e financiado por Israel para minar a luta palestina, ou ainda que o Hamas não tem consideração pelas vidas palestinas e pela libertação palestina, e tudo o que queria alcançar com seu ataque de 7 de outubro era provocar Israel a matar o maior número possível de civis palestinos.”
