
Por ICN – Fenikso Nigra
Uma resposta rápida é por opção econômica, orientada pela ambição e ganância dos setores ruralistas e empresariais.
O Brasil (compreenda aqui por Brasil os grupos de poder e influência, como ruralistas, banqueiros e empresariado), por conveniência especulativa, deixa de atender à demanda interna de consumo da população, que nesse caso buscam os melhores preços, já que buscam o lucro máximo sem se preocuparem como isso será obtido.
Os grupos que realmente possuem o poder de decisão e consequentemente de ação nos comportamentos de consumo, que possuem passe livre com as instâncias governamentais de todas as esferas de gestão político administrativa, buscam e isso é preciso que cada pessoa explorada e oprimida entenda, é aumentar seu poder através de toda vantagem e privilégio que puderem conseguir. Isso é o capitalismo em sua essência, repetindo para reflexão, uma busca sem fim dos maiores lucros e das maiores vantagens de forma a ter o menor custo e perda no processo, e repetir até a exaustão das pessoas exploradas e oprimidas. E aí a criatividade reina muito!
O setor de agronegócios, o “agropop”, agribusiness, ruralista, entre outras formas como é tratado e o setor de mineração mantém o conceito colonial que a vocação das terras invadidas pelos europeus sejam usadas de forma intensa para exploração de commodities que são matérias-primas básicas, padronizadas e trocáveis entre si, como produtos agrícolas (soja, milho, café), minerais (petróleo, minério de ferro, ouro) e energéticos (gás natural, carvão) e são frequentemente utilizadas como insumos na produção de outros bens e seus preços são determinados pela oferta e demanda globais. Isso deixa o povo de fora da equação e em muitos casos, a população recebe o refugo e sobras desta especulação econômica.
Sempre e fixemos isso: toda lucratividade sempre será privatizada, acumulada por algumas poucas pessoas e grupos de exploradores e opressores e quando esse processo estoura, todo os prejuízos advindos dessa ganância e ambição são coletivizados, ou seja, quem explora e oprime buscará sempre se dar bem e seremos sempre sacrificadas nesse processo.
O conceito essencial do capitalismo é lucro máximo com o custo mínimo, repetimos.
Dado isso, atender a demanda de nossa população ou não, é equacionar se haverá lucro no processo: pelos problemas logísticos e de infraestrutura, a sazonalidade da variação de preços de alimentos são colocados nesta conta. Além disso, o “Custo Brasil”, que engloba uma série de encargos e burocracias, levam os setores produtores e empresariais a não pestanejar em exportar a produção em busca sempre dos maiores lucros possíveis.
Veremos, então, uma concentração na produção de commodities, já que o agronegócio brasileiro, embora seja um grande produtor, muitas vezes foca em commodities para exportação, como soja e carne, em detrimento de uma produção diversificada para atender o mercado interno. O setor latifundiário não se importa em colocar comida em nossas mesas, porque isso não dá lucro!
Daí, uma falta de infraestrutura adequada, como estradas e portos eficientes, encarece o transporte de alimentos e dificulta a distribuição para diferentes regiões, afetando o abastecimento. A grande produção é escoada para exportação e para ela há um sistema adequado, seja ferroviário ou hidroviário, embora ainda possuam um extensivo uso do transporte rodoviário que agrega muito custo à produção.
Ainda há uma variação de preços e sazonalidade da produção agrícola levando a flutuações de preços e, em alguns casos, à falta de produtos específicos em determinados períodos, sempre dado pela demanda externa e não para atender as necessidades básicas de nossa gente. Aqui quem tem nos alimentado, são as micro e pequenas produções que por não terem o acesso ao grande capital e as benesses das instituições governamentais, atendem essa demanda abandonada pela os grandes ruralistas.
Soma-se aqui o Custo Brasil, entraves que oneram o ambiente de negócios, afetam as empresas de diversos portes e setores, encarecem produtos e serviços, comprometem investimentos e limitam a geração de empregos e renda no país, dificultando a competitividade dos produtos brasileiros no mercado interno e externo. Leia-se: onde der mais lucros, será sempre a melhor opção.
Mas há uma demanda reprimida por produtos, principalmente alimentos, já que a população ainda precisa comer para viver, apesar do que alguns setores empresariais negligenciam, como evidenciado pelo auxílio emergencial durante a pandemia, que revelou uma demanda reprimida do básico para viver. Como por exemplo: apesar de ser um grande produtor de trigo, o Brasil ainda depende da importação do grão para atender à demanda interna, embora esteja investindo em tecnologias para aumentar a produção nacional de trigo, desde que dê lucro no processo, não esqueçamos!
A concentração da produção em grãos como soja e milho, muitas vezes para exportação, é possível de levar e leva à falta de outros alimentos básicos no mercado interno, aumento de preços nas prateleiras, já que prejuízo para empresariado não pode!
Em resumo, a dificuldade do Brasil em atender a demanda interna de consumo é um problema não tão complicado de se entender, se tivermos em mente a base do capital: atender acima de tudo, a lucratividade em detrimento das necessidades sociais de nossa gente. Essa essência do capitalismo é agente de fome, de medo e morte para milhões de pessoas oprimidas e exploradas, submetidas a essa dinâmica mortal. O capitalismo arruina todos os seres vivos e está levando o planeta a um colapso absoluto.
Cabe à união para luta de rompimento com esse processo, pois na luta somos dignas e livres!