Muitas pessoas têm comentado que estamos em tempos sombrios, de negras tormentas no céu e de grandes calamidades na terra.
Essas avaliações não nos causa nenhuma surpresa. Nosso olhar anárquico sempre viu e não é de agora, as negras tormentas que assolam nosso mundo. Essa terra foi assolada pela invasão europeia que destruiu as civilizações e culturas nativas. Uma devastação em toda a América desde então para o enriquecimento contínuo dos grupos opressores e exploradores.
Os poucos avanços conseguidos com muito sangue, dor, com muita luta e luto foram removidos neste começo de século. Vivemos uma reorganização do sistema de opressão e exploração, com grandes perdas nos direitos sociais e econômicos dos grupos oprimidos e explorados. Esses grupos desorganizados, perderam sua identidade como oprimidos e explorados e acreditam nas conversas mentirosas dos opressores e exploradores. Assumem a condição de submissão! Estão domesticados e repetem as ilusões dos grupos poderosos, na esperança vazia de que alguma forma e jeito serão também bem-sucedidos e também opressores, e também exploradores. Nessa condição, se acovardam diante da repressão, na submissão contada de jornadas de trabalho cada vez mais exaustivas e sem nenhuma previsão de mudança imediata. Foram todas retiradas nessas últimas reformas.
Conceitos totalitários saíram novamente do lodo fétido em que estavam e através de uma propagação digital imoral, sem escrúpulos contagiam com ódio e desrespeito a todas. Nesse esgoto atmosférico, pessoas sem caráter, sem senso crítico perderão o medo de expor seus conceitos retrógrados, mesquinhos, violentos, fundamentados de forma rasa e sem um pingo de coerência. Atrás de uma pretensa pátria, na qual 200 milhões de pessoas não fazem a mínima ideia do que seja, estimulam o preconceito e ódio a tudo que for contrário e diferente ao que defendem raivosamente pelo lacre “minha opinião”!
Já diziam que opinião é como um orifício anal, cada um tem o seu. Mas se pode perceber que muitos dessas pessoas como cachorros cheiram o orifício anal uma da outra, para poder sentir a opinião alheia. Nos parece é que ao declararem suas opiniões de forma leviana e se fecharem nela, estão empurrando os seus odores pútridos que saem pela boca como se fosse um cú e que quem os recebe não pode ao menos tapar o nariz por tanta porcaria excretada pela boca. Isso leva que muitas pessoas que sem um orifício anal decente, reproduzem de forma exaustiva os odores anais das outras pessoas que cheiraram.
Lembremos que as pessoas anarquistas não votam e mesmo que votassem pouco afetariam nos resultados eleitorais. A ascensão de um grupo de pessoas opressoras, e exploradoras, ao poder através de um processo que condenamos é muito ilustrativo do que defendemos há muito tempo, de que uma mudança radical, revolucionária não será feita pelas urnas e nem que os partidos políticos sejam agentes dessas mudanças. Pelo contrário, se pegarmos apenas os últimos 150 anos, veremos que os fatos temporais (o que muitas pessoas chamam de história) que gerações atrás de gerações estão mantidas exploradas e oprimidas e que o papel de sua libertação e autonomia é resultado direto de sua própria dedicação.
Não é com algumas dessas pessoas colocadas livres que mudará algo e alguma coisa. O plano dos partidários do calamar livre é voltar ao controle que tinham dos movimentos sociais (sindicatos, associações de pessoas sem-terra, sem teto entre outras), retomar o poder político que perderam na última década para refazer o que podemos constatar de socialismo assistencialista autoritário, um patriarcado esquerdomacho que busca acima de tudo, manter um capitalismo de estado, com muitas concessões aos grupos de poder que os apadrinharam, mantendo medidas paliativas que não levam a nossa gente para a emancipação social, mas ao controle social.
Foi o que ocorreu de fato nas manifestações de 2013 e 2014, quando o povo dizia em voz alta aquilo que agora gritam nas ruas do Chile e da Bolívia. Nossa gente foi violentamente reprimida pelas forças do governo de uma gestão de “esquerda”. Há pessoas companheiras ainda presas, porque para estar livre, precisam de dinheiro, é uma justiça de valores, valores econômicos, onde quem possui o melhor escritório de advocacia leva e assegura a justiça de seus interesses. E nas ruas, as pessoas berravam o que precisavam: +educação, +saúde, +habitação, +empregos e foram ignoradas! As gestões políticas/partidárias atendem em primeiro lugar aos grupos aos quais estão mais fortemente envolvidas e somente após atenderem essa demanda e se sobrar alguma coisa, tais migalhas é que serão divididas como se fossem as maiores conquistas!
Olhando para o tempo passado podemos vislumbrar que muitas dessas coisas poderão ocorrer novamente. Se do tempo não aprendemos, os fatos retornam a ocorrer de forma até enfadonha, mesmo para uma população fortemente desmemoriada.
Cabe a nossa luta ser levada a sério nesse conflito de grupos contraditórios e nos organizarmos para não sofrermos as pressões de esquerdas e direitas autoritárias. Contra elas, o remédio é resistência combativa, mantida por nossa prática anarquista a muito tempo. E que vão cheirar os orifícios anais em outros lugares!
Abraços livres, saúde e anarquia!
Texto original da publicação Anarkio de primavera 2019