“Considerando que o operariado, agrupando-se em sociedade de resistência, afirma por esse simples fato a existência de uma luta de classes, que ele não criou, mas que se vê forçado a aceitar;
que as condições econômicas, fonte de toda a liberdade, são, para o proletariado, péssimas, e que o trabalho está escravizado sob o peso das injustiças, tanto que, para melhorá-lo ou libertá-lo, os trabalhadores não têm outro recurso contra o poder da riqueza acumulados nas mãos dos patrões, senão a associação e a solidariedade dos seus esforços;
que, portanto, não se pode realizar uma “festa de trabalho”, mas sim protesto de oprimidos e explorados.
que a origem histórica do 1º de Maio, nascido da reivindicação, pela ação direta, das 8 horas de trabalho, na América do Norte, e do sacrifício das vítimas inocentes, em Chicago, impede que essa data seja mistificada pelas festas favorecidas por interessados na resignação e imobilidade do proletariado;
o “Primeiro Congresso Operário Brasileiro” verbera e reprova indignamente as palhaçadas feitas no 1º maio com o concurso e complacências dos senhores;
incita o operariado a restituir ao 1º Maio o caráter que lhe compete; de sereno, mas desassombrado, protesto, e de enérgica reivindicação de direitos ofendidos ou ignorados;
estimula vivamente as organizações operárias à propaganda das reivindicações, afirmando o 1º Maio;
e envia ao operariado francês a mais ardente expressão das suas simpatias e solidariedade, mostrando-o como modelo de atividades e iniciativa ao trabalhador do Brasil”.
“Considerando que o fato do governo tornar feriado o 1º de Maio equivale a subornar um adversário que o ataca; o que é, portanto, uma mistificação perniciosa;
O congresso aconselha aos operários e respectivos sindicatos, que, no caso de ser decretado feriado, inicie forte propaganda no sentido de patentear a incompatibilidade da adesão do Estado à tal manifestação; que revolucionária e de luta de classes, apontando o seu trágico epílogo a 11 de novembro de 1889″.
Resolução do 1º Congresso Operário Brasileiro – 1906